Condenado por filmar seios em consulta

Por Correio da Manhã

Durante o julgamento o médico Augusto Correia, de 64 anos, manteve-se em silêncio, mas o testemunho de três irmãs, suas pacientes, não deixaram dúvidas aos juízes do Tribunal de Santa Maria da Feira de que o clínico filmou os seios das menores durante uma consulta de rotina, a pretexto de uma auscultação pulmonar. Foi condenado a três anos e cinco meses de pena suspensa e está proibido de exercer a profissão durante dois anos e meio, pena que não agradou nem à defesa do médico do Centro de Saúde de S. Roque, Oliveira de Azeméis, nem ao Ministério Público. Ambos vão recorrer.

Augusto Correia estava acusado de cinco crimes de devassa da vida privada, mas foi condenado apenas por quatro, porque numa das vezes não se provou que tivesse filmado e a apalpação que fez aos seios da menor de 15 anos foi para um normal exame de cancro da mama.

Nos outros casos, apesar de o médico se ter desfeito do telemóvel e as imagens nunca terem sido encontradas, os testemunhos das vítimas foram coincidentes e convincentes, segundo o coletivo de juízes.

Já a condenação por pornografia de menores agravada resultou da apreensão de imagens que o médico tinha no computador, designadamente a foto de uma jovem, "com idade não superior a 14 anos", retirada de um site pornográfico.

Os casos ocorreram em 2014 e 2015 durante as consultas no centro de saúde. Augusto Correia mandava as jovens despirem as camisolas, e depois, o próprio tirava-lhes o sutiã e apalpava os seios às menores, enquanto gravava num telemóvel que estava dissimulado num estojo. Pelo menos em duas consultas as menores estavam acompanhadas pelas irmãs, também vítimas, que, na altura, do exame se deslocaram para a janela do consultório e viram "em tempo real" as imagens.

As menores denunciaram e os alertaram as autoridades.

PORMENORES
Padrasto não viu
Nuno Magalhães, padrasto das menores, esteve numa das consultas, mas não se apercebeu de nada "porque olhou para o lado para dar privacidade às meninas".

Revolta
"Esperava muito mais, porque ele continua em liberdade e pode fazer mal a outras jovens", disse a mãe das menores.

Peruca
Augusto Correia chegou ao tribunal com uma peruca e óculos escuros. Tirou o ?disfarce? na sala de audiência. À saída voltou a colocar a peruca e os óculos.

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