Paris: Protesto contra violência policial bloqueia vários liceus
Um grupo de jovens, vestidos de preto e encapuzados, começou a pintar e tentar partir algumas das montras da praça e a arremessar objectos contra a polícia
Um protesto estudantil em Paris contra a violência policial degenerou hoje em confrontos depois dos estudantes terem bloqueado o acesso a vários liceus da capital francesa com barricadas improvisadas e caixotes de lixo em chamas.
O protesto acontece após a polémica agressão a um jovem de raça negra nos subúrbios da zona norte de Paris no início do mês de Fevereiro.
Theo Luhaka, de 22 anos, denunciou ter sido agredido por agentes da polícia e violado com um bastão após a sua detenção em Aulnay-sous-Bous no passado dia 2 de Fevereiro.
Depois de terem bloqueado as portas de acesso de 16 liceus da região parisiense e de terem apelado a um boicote às aulas, os estudantes manifestaram-se, sem autorização, numa praça da capital francesa.
Inicialmente, e sempre acompanhada de perto por um dispositivo policial anti-motim, a marcha estudantil com cerca de mil participantes decorreu de forma pacífica.
O protesto degenerou quando um grupo de jovens, vestidos de preto e encapuzados, começou a pintar e tentar partir algumas das montras da praça e a arremessar objectos contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogéneo.
O porta-voz do distrito escolar de Paris referiu entretanto que as medidas de segurança foram reforçadas nos liceus afectados pelo protesto estudantil.
A polícia de Paris não relatou, até ao momento, qualquer detenção.
Os manifestantes exibiam cartazes com frases contra a polícia e que pediam "vingança" para Theo Luhaka, que após a alegada agressão policial foi operado a um rasgão anal de 10 centímetros.
O jovem assegurou que foi um dos agentes policiais que provocou a lesão com um bastão extensível. O caso está a ser investigado pela justiça francesa e quatro polícias foram acusados de suspeita de violação.
O caso de Theo Luhaka provocou uma vaga de indignação nos subúrbios parisienses. Durante vários dias e noites foram registados distúrbios em vários bairros da periferia de Paris, com carros incendiados, mobiliário urbano destruído e confrontos com a polícia.
O governo francês, receoso que estes acontecimentos degenerassem como ocorreu em 2005, quando as autoridades foram obrigadas a decretar um recolher obrigatório, fizeram vários apelos à calma.
Em plena campanha para as eleições presidenciais, a candidata da Frente Nacional (extrema-direita) Marine Le Pen, a favorita na primeira volta, acusou o executivo de ser demasiado brando com tais incidentes e de não defender as forças de segurança.
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