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Nigéria pede que órgãos de comunicação social abandonem Twitter

07 de junho de 2021 às 15:32

A Nigéria pediu a todas as estações de rádio e televisão no país para que apagassem as contas de Twitter, considerando que a utilização da plataforma de microblogues como "antipatriótica".

A Nigéria pediu hoje a todas as estações de rádio e televisão no país para que "suspendessem todo o apoio" à plataforma social Twitter, instando-as a apagarem imediatamente as suas contas, considerando que a utilização da plataforma de microblogues como "antipatriótica".

"Aconselhamos todas as emissoras a desinstalarem as suas contas no Twitter e a não utilizarem o Twitter para procurar notícias ou fontes de informações", afirmou o diretor do órgão regulador da radiodifusão, a Comissão Nacional de Radiodifusão, Armstrong Idachaba, numa declaração hoje divulgada e citada pela agência France-Presse (AFP).

Segundo o responsável, "será considerado como antipatriótico que qualquer órgão de comunicação social continue a apoiar o Twitter".

O Ministério da Informação e Cultura anunciou na noite de sexta-feira que o Governo tinha suspendido, de forma indefinida, as atividades do Twitter na Nigéria, país mais populoso de África.

A decisão surgiu depois de o Twitter ter apagado uma publicação do Presidente nigeriana, Muhammadu Buhari, na passada quarta-feira, na qual o chefe de Estado nigeriano ameaçou os responsáveis pela atual violência no sudeste da Nigéria.

Na ocasião, a plataforma defendeu a decisão porque entendeu que o chefe de Estado estava a violar as suas regras de utilização.

O ministro da Informação de Buhari, Lai Mohammed, tinha respondido numa mensagem à imprensa que, embora o Twitter tivesse as suas próprias regras, o Presidente tinha o direito de comentar a situação na Nigéria.

Buhari acusou a rede social de tolerar mensagens do líder de um grupo separatista ativo no sudeste da Nigéria, o qual, na sua opinião, encorajou a violência.

O ministro também se referiu ao apelo do CEO do Twitter, Jack Dorsey, no ano passado, para que se doassem bitcoins para apoiar protestos contra a violência policial que abala o país.

"A missão do Twitter na Nigéria, depois destes dois exemplos, é altamente suspeita. Quais são as suas intenções", afirmou aquele responsável governamental aos repórteres.

A União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos da América e Canadá lamentaram, numa declaração conjunta, a suspensão do Twitter, tendo os seus embaixadores realizado uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Geoffrey Onyeama, durante a manhã de hoje.

A Nigéria é a maior democracia em África, mas o governo é muito regularmente criticado por organizações de direitos humanos.

Em novembro de 2019, o governo tinha introduzido medidas mais rigorosas para regular os meios de comunicação social e combater a desinformação nas redes sociais, medidas que foram entendidas pela sociedade civil como uma restrição à liberdade de expressão.

Os órgãos de comunicação social nigerianos têm uma forte presença nas redes sociais, somando milhões de seguidores no Twitter. A plataforma é muito popular no país, onde a idade média da população é de 18 anos.

Segundo uma sondagem, mais de 39 milhões dos 200 milhões de habitantes da Nigéria possuem conta no Twitter.


JYO (ATR) // PJA

Lusa/Fim

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