Secções
Entrar

Miguel Albuquerque: "Não tenho razões para me demitir"

Diogo Barreto , Lusa 09 de novembro de 2024 às 14:35

O presidente do Governo da Madeira afirmou que não se vai demitir na sequência da "inesperada" e "inoportuna" moção de censura anunciada pelo Chega.

O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, afirmou esta sábado que não pretende demitir-se na sequência da moção de censura anunciada pelo Chega e sublinha que seja qual for o resultado da mesma, estará preparado.

HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

"Não tenho razões para me demitir", disse líder do PSD/Madeira após a reunião da comissão política regional do partido que foi convocada com o intuito de analisar a moção de censura apresentada pelo grupo parlamentar do Chega/Madeira na Assembleia Legislativa. Aos jornalistas, Albuquerque afirmou que a moção é estranha "uma vez que é inoportuna e irresponsável". O social-democrata sublinha que o governo em funções é legítimo e foi eleito tanto em 2023 como de novo em 2024. 

"O que deduzimos é que esta moção de censura imposta pela direção nacional do Chega no sentido de criar instabilidade política na região, sobretudo numa altura em que o Governo Regional estava a governar em pleno, com um crescimento económico como nunca tivemos na região, com plena empregabilidade, com os compromissos assumidos em execução, designadamente aqueles que constam do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), e que os que vão ser executados no quadro do Orçamento[Regional] que estava na iminência de ser aprovado", argumentou.

O líder social-democrata insular considerou que a situação é "estranhíssima" e disse que o PSD vai enfrentá-la "em campo aberto e com a cabeça levantada".

Albuquerque apelou aos "partidos democráticos" para "assumirem um sentido de responsabilidade" face aos "interesses da região autónoma" e não "embarcarem nestas demagogias e nestes expedientes rocambolesco no sentido de criar instabilidade política".

Para o governante, "é fundamental que não haja mais instabilidade política, não haja impasses na governação, porque isso prejudica a administração da 'res publica' e vai prejudicar sobretudo a população".

"Não vai ser através desta moção, nem muito menos através destes expedientes parlamentares ou de fação ou partidários que o PSD vai entregar o poder", afirmou.

Miguel Albuquerque acrescentou que o PSD está para "cumprir um programa que foi sufragado pelo povo madeirense há menos de seis meses, com um programa e orçamento aprovados.

O responsável complementou que estava em preparação o Orçamento Regional para 2025, tendo já decorrido a auscultação de todos os partidos com acesso parlamentar na Madeira, e recordou que o Chega, "mentor desta moção de censura, até disse que concordava e disse que o orçamento era positivo, acolhendo um conjunto de propostas" da oposição.

Albuquerque considerou estranho a moção de censura "fazer um ataque implacável ao PS" e defendeu que seria "grotesco o Partido Socialista votar esta medida quando o partido e o seu líder regional, Paulo Cafôfo, "é apelidado de incompetente" e é "vilipendiado", sendo "mais atacado que o PSD/Madeira" no texto.

"O PSD/Madeira também está preparado para qualquer cenário", assegurou, porque "quem determina o governo da Madeira e o presidente do Governo Regional é o povo madeirense através de eleições democráticas", reforçou.

Miguel Albuquerque frisou que "não é através de golpes parlamentares, nem partidários que o PSD alguma vez entregará o poder", atestando que o partido "não tem qualquer problema em ir a eleições se for necessário".

No seu entender, o seu afastamento seria "uma fraude" porque o eleitorado votou na lista do PSD/Madeira, considerando que esta é mais uma "tentativa de enfraquecer o partido".

"Se pensam que vou sair para porem um líder provisório para depois deitarem abaixo e conquistar o poder estão enganados. Nós estamos aqui para dar a cara e eu estou aqui para dar a cara", sublinhou.

Miguel Albuquerque disse que falou com o primeiro-ministro, Luis Montenegro, sobre esta "rocambolesca, inoportuna e irresponsável moção de censura" que veio provocar uma primeira conquista de concertação, que era a cimeira, na próxima semana, nos Açores que foi cancelada.

Sobre o problema de vários secretários regionais terem sido constituídos arguidos, alertou que "se a tática é meterem processos contra o Governo [Regional] para estes serem ouvidos e cada vez que são ouvidos cai um secretário, não há Governo em Portugal que aguente, nem nenhuma região".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela