Secções
Entrar

Google e Meta acusados de práticas anticoncorrenciais no mercado publicitário

15 de janeiro de 2022 às 16:13

Em 2021, o Google detinha 28,6% do mercado global de publicidade digital, seguindo-se o Facebook, com 23,7%, de acordo com a empresa eMarketer.

A justiça dos Estados Unidos acusa os mais altos executivos das multinacionais Google e Meta (dona do Facebook) de terem feito um acordo ilegal, em 2018, para consolidar o seu domínio no mercado de publicidade 'online'.

Uma coligação de estados americanos liderada pelo Texas apresentou na sexta-feira, num tribunal de Nova Iorque, uma nova versão do processo apresentado inicialmente apenas contra o Google em dezembro de 2020.

De acordo com as acusações, citadas pela agência francesa AFP, o gigante das buscas 'online' procurou derrubar toda a concorrência manipulando leilões de publicidade - sistema ultrassofisticado que determina que anúncios são exibidos em páginas da internet com base no perfil anónimo dos utilizadores.

Em 2021, o Google detinha 28,6% do mercado global de publicidade digital, seguindo-se o Facebook, com 23,7%, de acordo com a empresa eMarketer.

Os documentos legais revelados na sexta-feira referem-se diretamente a Sundar Pichai e Philipp Schindler, do Google, e Sheryl Sandberg, do Facebook (embora o seu nome esteja riscado com uma linha preta grossa).

"Essas negociações resultaram, em setembro de 2018, de um acordo entre Google e Facebook, assinado por Philipp Schindler, vice-presidente e diretor de vendas e operações do ramo de publicidade da Google, e a senhora [nome riscado], diretora de operações e membro do conselho de administração do Facebook, que durante algum tempo liderou a publicidade no Google", detalha a acusação estadual.

A queixa cita um 'email' de Sheryl Sandberg ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, onde ela descreve o acordo como "estrategicamente muito importante".

A ação judicial estende-se ao presidente do conselho de administração do Google, Sundar Pichai, que "aprovou pessoalmente os termos do acordo".

De acordo com a acusação, o Google estava preocupado que um sistema alternativo para alocação de espaço publicitário estivesse a ser adotado de forma muito ampla, permitindo que os editores de 'sites' burlassem as suas comissões e teria então convencido a Meta a formar uma aliança.

Reagindo à ação, um porta-voz da Meta disse que "o acordo não exclusivo com o Google e acordos semelhantes com outras plataformas de leilões ajudaram a aumentar a concorrência pelo posicionamento de anúncios".

O mesmo porta-voz garantiu que "esses relacionamentos profissionais permitem que a Meta forneça mais valor aos anunciantes enquanto compensa os editores de maneira justa: todos ganham".

Uma porta-voz do Google, por sua vez, classificou a queixa como "cheia de imprecisões e sem base legal", lembrando que "a publicidade 'online' é uma indústria extremamente competitiva, que reduziu os custos de publicidade e deu aos editores e anunciantes mais opções".

A mesma fonte disse à AFP que "todos os anos são assinados centenas de acordos que não exigem a aprovação" de Sundar Pichai. "Este caso não foi diferente. E, ao contrário do que afirma o procurador-geral, este acordo nunca foi secreto", garantiu.

As duas gigantes da tecnologia, à semelhança de outras multinacionais, como a Apple e a Amazon, são acusadas de abuso de posição dominante por um número crescente de autoridades nos Estados Unidos.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela