Europeus duvidam que governos utilizem bem a 'bazuca' anti-crise
Em Portugal, a confiança em que o Governo fará bom uso dos fundos da chamada 'bazuca' anti-crise fica acima da média europeia, já que 53% dos inquiridos diz confiar numa utilização apropriada dos 16,6 mil milhões de euros a que tem direito.
Apenas 44% dos cidadãos europeus confiam que os respetivos governos utilizarão adequadamente os fundos do pacote de recuperação para superar a crise da covid-19, o «NextGenerationEU», revela um inquérito divulgado esta sexta-feira pelo Parlamento Europeu.
O Eurobarómetro publicado esta sexta-feira em antecipação do discurso sobre o Estado da União, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vai proferir na próxima semana em Estrasburgo, mostra que uma maioria dos cidadãos da UE (60%) acreditam ainda assim que os projetos do pacote de recuperação de 800 mil milhões de euros acordado pelos 27 em 2020 ajudarão os respetivos países a superar as consequências económicas e sociais da pandemia.
Em Portugal, a confiança em que o Governo fará bom uso dos fundos da chamada 'bazuca' anti-crise fica acima da média europeia, já que 53% dos inquiridos diz confiar numa utilização apropriada dos 16,6 mil milhões de euros a que tem direito (11% concordam em absoluto e 42% tendem a concordar), enquanto na média dos 27 Estados-membros a confiança atinge apenas os 44% (10% confiam em absoluto e 34% tendem a confiar).
Os Estados-membros onde a desconfiança relativamente à capacidade das autoridades nacionais de utilizarem bem os fundos é mais alta são a Eslovénia, país que curiosamente exerce atualmente a presidência do Conselho da UE, com apenas 24% de cidadãos confiantes, a Eslováquia (25%) e a Hungria (28%), enquanto os luxemburgueses (74%) e os dinamarqueses (69%) são os que mais confiança depositam nos respetivos governos.
Já quando questionados sobre se acreditam que o pacote de recuperação ajudará os seus países a superar os danos económicos e sociais provocados pela pandemia, 60% dos europeus afirmam-se convictos de que será o caso (14% não têm dúvidas e 46% tendem a acreditar), e Portugal é o terceiro país da UE onde essa convicção é mais vincada, com três quartos dos inquiridos (75%) a expressarem essa confiança (19% concordam em absoluto e 56% tendem a concordar).
Uma esmagadora maioria dos europeus (81%) defende uma atribuição dos fundos do «NextGenerationEU» condicionada ao respeito pelo Estado de direito e princípios democráticos, e os portugueses são dos maiores defensores desta ideia, apoiada por 91% dos inquiridos.
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