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Estudo alerta para nova doença cardiovascular pediátrica após infeção por coronavírus

18 de novembro de 2020 às 17:33

Síndrome inflamatória multissistémica foi descrita após o surto da pandemia em pacientes pediátricos.

Um estudo europeu sobre os efeitos cardiovasculares da infeção pelo novo coronavírus em crianças e adolescentes revelou a existência de uma "síndrome inflamatória multissistémica".

A segunda revista mundial com maior impacto em Cardiologia, a Circulação, recomenda este artigo a todos os pediatras resultante de um estudo multicêntrico, ou seja, para o qual contribuíram vários centros de investigação.

Os autores do estudo, coordenado pelo hospital universitário Virgen del Rocío de Sevilha, analisaram as manifestações cardiovasculares mais frequentes na síndrome inflamatória multissistémica (MIS-C), uma doença nova que foi descrita após o surto da pandemia em pacientes pediátricos.

O pico de incidência da síndrome inflamatória multissistémica na Europa foi registado pouco antes do verão, e os investigadores revelaram que as manifestações cardiovasculares podem aparecer com frequência numa população previamente saudável.

O estudo também conclui que crianças com síndrome inflamatória multissistémica pediátrica devem ter acompanhamento específico para afastar manifestações cardiovasculares, como choque, arritmias cardíacas, derrame pericárdico e dilatação das artérias coronárias.

Essas foram as quatro complicações cardiovasculares mais comuns descritas.

A boa notícia é que, em comparação com adultos, a mortalidade em crianças com a síndrome é incomum, apesar de uma elevação significativa nos marcadores bioquímicos de inflamação ou envolvimento multissistémico.

No entanto, existe uma correlação estatisticamente significativa entre o grau de elevação dos marcadores bioquímicos e a necessidade de suporte de terapia intensiva, conclui o estudo.

Participaram desta pesquisa 55 centros europeus e 286 crianças, a maior amostra de pacientes pediátricos do mundo até hoje, que revela o quadro clínico cardiovascular mais completo ao incluir dados sobre sua apresentação clínica.

O artigo, cujo primeiro autor é Israel Valverde, chefe de Cardiologia Pediátrica do hospital de Sevilha e investigador do grupo de Fisiopatologia Cardiovascular IBiS, também inclui marcadores laboratoriais, anormalidades de imagem cardíaca e a progressão desses marcadores durante hospitalização.

Na opinião dos editores da revista, é de interesse dos médicos especialistas em todo o mundo e, principalmente, dos pediatras de países que agora enfrentam uma segunda onda, tomar conhecimento das conclusões deste estudo considerando que ajudam a compreender as manifestações cardiovasculares clínicas e a otimizar a terapêutica.

A Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Virgen del Rocío, também participou deste estudo e, no total, colaboraram mais de 100 investigadores de 17 países europeus e 48 cidades.

Já em maio a existência desta síndrome associada à doença covid-19 tinha sido reportada pelos Países Baixos, mas os primeiros casos tinham sido relatados em abril no Reino Unido.

Seguiram-se relatos de casos semelhantes em países como Irlanda, Bélgica, Suíça, Itália, Espanha, França e Estados Unidos e Portugal.

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