Morreu a "mulher gato" que jurava não ter feito uma plástica
Jocelyn Wildenstein, conhecida pelo seu rosto deformado pelo excesso de cirurgias, teve um dos divórcios mais caros de sempre, e destruiu a fortuna. Morreu, em Paris, no último dia de 2024, durante a sesta, ao lado do namorado. Tinha 85 anos.
Conhecida como a "mulher gato", pelo excesso de cirurgias plásticas ao rosto, Jocelyn Wildenstein morreu aos 84 anos (ela afirmava ter 79), durante o sono, no Ritz de Paris, horas antes da passagem de ano. "Estivemos numhappy houragradável e antes de nos prepararmos para a festa de Ano Novo, deitamo-nos um bocadinho até nos arranjarmos. Quando acordei, disse-lhe: 'Jocelyn, temos de nos vestir', e ela já estava fria, morta. É muito triste", contou à revistaPeople, Lloyd Klein, estilista canadiano, de 57 anos, companheiro dasocialitenas últimas duas décadas. E acrescentou: "Ela estava na sua melhor forma".
Jocelyn foi uma figura destacada nos tabloides de Nova Iorque durante grande parte de sua vida, por causa do escandaloso divórcio de Alec Wildenstein, um milionário francês, mas sobretudo devido às mudanças drásticas que foi fazendo no rosto – os cantos dos olhos estavam tão puxados, que ganhou a aparência de um felino, a sua pele estava tão esticada e as maçãs do rosto tão pronunciadas, que aos 80 anos não tinha uma ruga. Mas ela negou sempre que os seus traços felinos fossem consequência de cirurgias plásticas. Em 1998, disse àVanity Fair: "Se eu mostrar fotos da minha avó, veem que ela também tinha olhos de gato e maçãs do rosto salientes". Há cerca de três meses, voltou a afirmar num programa de uma estação de televisão francesa: "Eu nunca quis mudar o meu rosto. Nunca fiz cirurgia plástica porque tenho medo do que possa acontecer", embora tenha admitido que talvez gostasse de ter os lábios um pouco mais grossos.
Um safari e um milionário
Nascida em Lausanne, a 7 de setembro de 1940, Jocelyn Perisset passou a infância a nadar nos lagos e a esquiar nas montanhas suíças e dizia que tinha sido o pai a inspirar nela a paixão por mamíferos africanos, contou à Interview Magazine, em 2023. Aos 20 anos, foi para Paris, onde frequentava as discotecas mais badaladas com o sonho de viajar para África. Fez várias viagens ao continente e, em 1977, conheceu o negociante de arte francês, Alec Wildenstein, num safari no Quénia, em Ol Jogi Ranch, o luxuoso rancho, descrito como um "santuário de vida selvagem", com mais de 23 mil hectares, propriedade de Alec. Casaram-se a 30 de abril de 1978, em Las Vegas, e Jocelyn entrou na alta sociedade nova-iorquina. O casal teve uma filha, Diane, e um filho, Alec Jr. Pouco depois do casamento, ela terá começado a retocar o rosto para agradar ao marido, que além de dizer que não gostava de pessoas velhas, era apaixonado pelos grandes felinos – até manteve um lince como animal de estimação, porque é um "animal que tem olhos perfeitos", justificou à Vanity Fair.
Um divórcio de €2 mil milhões
Em 1997, ela encontrou o marido com uma modelo russa, de 21 anos, no seu próprio quarto, na casa de Wildenstein, em Nova Iorque. Ele ainda a ameaçou com uma pistola carregada, o que levou à sua detenção por uma noite. O processo de divórcio decorreu entre 1997 e 1999, com "lavagem de roupa suja" nos media, por revelações sobre os gastos excêntricos do casal e a pressão que Alec terá feito sobre Jocelyn para ela fazer cirurgias plásticas, o que ele negou. "Ela era louca! Pensava que poderia recauchutar o rosto como uma peça de mobiliário. A pele não funciona assim. Mas ela nunca me quis ouvir", disse Alec Wildenstein, que morreu em 2008, aos 67 anos. Ele ainda pôs a correr o rumor de que Jocelyn havia sido prostituta num conhecido bordel parisiense.
Ela alegava que o ex-marido inventava aquelas histórias para ganhar o mais possível no acordo de divórcio. Mas a socialite conseguiu 2 mil milhões de euros e mais uma pensão de alimentos anual de 100 milhões, tendo o juiz determinado que ela não poderia usar esse dinheiro em cirurgias estéticas. Depois do divórcio, ela tentou afastar-se dos holofotes. "Nunca fui figura pública. Não é a minha natureza", disse ao The Sunday Times, em 2023.
O estilista, a falência e Herman José
Na New York Fashion Week de 2003, conheceu Lloyd Klein, um designer nascido em 15 de fevereiro de 1967, em Montreal, no Canadá. Viveram um romance de altos e baixos. Wildenstein foi presa duas vezes, em 2016 e em 2017, por discussões e cenas de violência com o Lloyd, no apartamento na Trump Tower, em Nova Iorque. Mas logo se reconciliaram e estiveram juntos até à morte dela, a 31 de dezembro. Apesar de ter ficado milionária, em 2018, declarou falência, ficando para sempre o mistério de como terá gasto tanto dinheiro.
A imagem de Jocelyn Wildenstein, completamente modificada pelas plásticas, era para muitos impressionante. Talvez por isso, a sua conta no Instagram tivesse 1,1 milhão de seguidores, mesmo não publicando com frequência. Ela seguia apenas 236 contas, entre as quais de marcas como Louis Vuitton, Roberto Cavalli, John Galiano, e também de Herman José.
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