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Vasco Pulido Valente: Portas recorda amigo e "brilhante colunista"

21 de fevereiro de 2020 às 20:09

"Devo-lhe muitas conversas de muitas horas sobre história, política, literatura ou viagens. Devo-lhe uma amizade sem interrupção durante mais de 30 anos", conta Portas.

Paulo Portas, ex-líder do CDS, recordou Vasco Pulido Valente, que hoje morreu aos 78 anos, como "brilhante colunista político", a quem deve "uma amizade sem interrupção durante mais de 30 anos".

"Vasco Pulido Valente foi uma das pessoas mais inteligentes que conheci. Não preciso de exagerar ao dizê-lo", escreveu o antigo diretor do semanário O Independente, onde o historiador também foi diretor-adjunto, num depoimento por escrito à agência Lusa.

Para Paulo Portas, "foi o mais brilhante colunista político de O Independente -- e, nesse sentido, essencial para o êxito do jornal".

"Seguramente, foi o melhor historiador do século XIX português, e o mais luminoso de todos os que estudaram e escreveram sobre a I República - a meu ver, por exemplo, sem 'O Poder e o Povo', não é possível compreender e interpretar o século XX em Portugal", escreveu ainda.

Além do mais, acrescentou, "escrevia português com um primor inexcedível, o que não é coisa pouca nos tempos que correm".

Num registo mais pessoal, o fundador de O Independente lembrou a amizade que o unia ao historiador.

"Devo-lhe muitas conversas de muitas horas sobre história, política, literatura ou viagens. Devo-lhe uma amizade sem interrupção durante mais de 30 anos", afirmou ainda Portas, que apresentou também condolências à família.

De nome Vasco Valente Correia Guedes, o ensaísta nasceu em 21 de novembro de 1941, licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorou-se em História pela Universidade de Oxford.

Ainda adolescente adotou o nome de Vasco Pulido Valente por não gostar do nome de nascimento, como chegou a revelar em entrevistas.

Trabalhou como investigador-coordenador do Instituto de Ciências Sociais e lecionou no Instituto Superior de Economia (atual ISEG), no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, na Universidade Católica e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Foi colunista dos jornais Público, Expresso, Diário de Notícias, A Tarde, O Independente e de O Observador.

Trabalhou ainda como comentador da TSF, da Rádio Comercial e da TVI.

Entre os livros que publicou, contam-se "Os Militares e a Política: 1820-1856", "A República Velha: 1910-1917", "Marcelo Caetano: As Desventuras da Razão", "De mal a pior" e "O fundo da gaveta", estes dois últimos, os mais recentes, publicados pela D. Quixote.

Uma crónica sua, no Público, sobre o estado do PS, no verão de 2014, intitulada "A Geringonça", viria a estar na origem da caraterização feita mais tarde por Paulo Portas sobre os acordos entre PS, Bloco de Esquerda e PCP, que viriam a sustentar a constituição do XXI Governo Constitucional.

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