Suspensão dos apoios a casas de Pedrógão Grande vai ser revista
O Tribunal de Contas recomendou ao Conselho de Gestão Revita que reanalise os casos das habitações apoiadas por este fundo em Pedrógão Grande.
OTribunal de Contasrecomendou ao Conselho de Gestão Revita que reanalise os casos das habitações apoiadas por este Fundo em Pedrógão Grande para não prejudicar as famílias que aguardam a conclusão da reconstrução das casas destruídas pelos incêndios.
Esta recomendação consta do relatório de uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) ao Fundo Revita, que foi criado pelo Governo com o objetivo de apoiar as populações e revitalizar as áreas afetadas pelas chamas que, em junho de 2017 atingiram os concelhos dePedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no distrito deLeiria.
Na origem da recomendação está o facto de, em maio de 2019, o Conselho de Gestão do Fundo ter decidido suspender os pagamentos em todos os processos de reconstrução de habitações localizadas no concelho de Pedrógão Grande não concluídos até que a justiça esclareça os casos suspeitos de utilização indevida dos apoios.
"Estas suspensões, agora preconizadas mesmo para os casos não duvidosos, traduzem-se em inação e prejudicam a eficácia dos apoios e a situação económica dos fornecedores", refere o relatório, assinalando que prejudicam, igualmente, as famílias que aguardam a conclusão das obras das suas casas, "sobretudo nos casos em que não foram suscitadas dúvidas sobre a regularidade dos apoios".
Tendo em conta o tempo que os processos judiciais podem implicar, o TdC sugere que aquele organismo de gestão do Revita reanalise os casos e exerça "a sua responsabilidade decisória",
Analisando a execução do Revita, o relatório assinala que na parte destinada à habitação o grau de execução financeira ronda os 74%, sendo este de 80% na conclusão das casas programadas e de 58% no apetrechamento das habitações.
Os apoios à agricultura que absorveram 58% (3,4 milhões de euros) das verbas do Fundo Revita estão integralmente realizados, embora o TdC assinale que não houve controlo "qualquer sobre a sua utilização e ajustamento aos objetivos".
Outra das fragilidades detetadas no decurso desta auditoria tem a ver com a falta de eficácia de mecanismos de prevenção de fraude e corrupção.
Ainda que, em regra, a concessão de apoios públicos envolva "riscos acrescidos de fraude e corrupção", que se acentuam em situações de emergência, o TdC conclui que "nem foram antecipados os riscos, nem foram aplicados mecanismos suficientes para os reduzir".
Perante as deficiências detetadas o TdC recomenda, por outro lado, à Assembleia da República e ao Governo que ponderem elaboração de um quadro legislativo global que regule a ajuda humanitária e solidária, "no qual sejam incluídos princípios éticos aplicáveis, regras sobre a definição de critérios de ajuda e normas sobre transparência".
Aconselha-se ainda que seja elaborado um sistema coordenado de planeamento do auxílio à reconstrução e reabilitação na sequência de calamidades, que contemple a definição prévia de procedimentos, divisão "clara" de responsabilidades.
O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, e que alastrou depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.
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