PS de Coimbra perplexo com nova investida para destruir Hospital dos Covões
Hospital dos Covões está reduzido a hospital de referência da covid-19 e no dia 1 devem encerrar os cuidados intensivos. Concelhia do PS é contra a fusão deste hospital geral central com os Hospitais da Universidade.
O PS de Coimbra lamentou, esta quarta-feira, que, encontrando-se a saúde na sub-região dependente dos dois hospitais centrais da cidade, o Conselho de Administração do CHUC esteja a avançar com o desmantelamento do Hospital dos Covões.
Em nota subscrita pelo médico e autarca Hernâni Caniço e pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Cidade, ambos dirigentes partidários, o Secretariado da Comissão Concelhia conimbricense do PS estranha que "quando seria expectável (…) a compreensão da necessidade de dois hospitais gerais centrais na cidade o CA do CHUC tenha intenção de encerrar a 1 de abril a Unidade de Cuidados Intensivos dos Covões".
No final de 2011, o então Centro Hospitalar conimbricense, de que fazia parte o denominado Hospital Geral (Covões), e os outrora Hospitais da Universidade (HUC) deram lugar, através de fusão, ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
A reversão da fusão tem sido preconizada pelo PCP, cuja deputada Ana Mesquita disse, esta semana, que "nunca será tarde" para o efeito.
Segundo Hernâni Caniço, os cardiologistas dos Covões são "pressionados a desviar todas as situações agudas", do foro cardíaco, do Serviço de Urgência para os antigos Hospitais da Universidade (polo de Celas do CHUC).
Para o médico, a Administração Regional de Saúde do Centro – cuja presidente, Rosa Reis Marques, foi vereadora sob a liderança autárquica de Manuel Machado – como "responsável máxima pela manutenção do Serviço de Urgência do Hospital dos Covões não pode permitir que ele seja posto em causa".
De acordo com o Secretariado da Concelhia de Coimbra do PS, "há mais promessas de criação de dois serviços, esquecendo os critérios que norteiam a caracterização de um Hospital Geral Central", sendo que, prossegue a mesma estrutura partidária, a Administração do CHUC pretende "destruir o Hospital dos Covões".
Ao remeter para a fase imediatamente anterior à pandemia da covid-19, Hernâni Caniço assinala que o CA do CHUC dava, então, "continuidade ao desmantelamento dos Covões como hospital geral central, com marcada redução de camas e de profissionais de saúde, com várias enfermarias vazias, a quase totalidade das especialidades e dos profissionais retirados para os [antigos] HUC, onde a sua produtividade se reduzia por falta de blocos operatórios, salas de consulta e exames auxiliares de diagnóstico, dificultando, ainda mais, a vida aos doentes, com atrasos em listas de espera significativos".
Iniciada a pandemia, acentua o médico e autarca, houve "um recuo da Administração do CHUC, que decidiu transformar o Hospital dos Covões num hospital de referência para a covid-19, recolocando camas e reabrindo enfermarias encerradas (todas utilizadas para doentes com o novo coronavírus), as camas dos Cuidados Intensivos estendiam-se às salas de operações e às de recobro cirúrgico, o Serviço de Urgência era de uso exclusivo para doentes com covid ou sob suspeita e os profissionais foram reenviados dos ex-HUC para o Hospital dos Covões".
Em março de 2020, na vigência do mandato do anterior CA do CHUC, o cirurgião Carlos Costa Almeida, que sempre se bateu contra a secundarização dos Covões, fez notar que apenas Coimbra foi palco de uma fusão como a dos antigos HUC e do outrora Centro Hospitalar.
O médico advertiu que se o Hospital dos Covões (na margem esquerda do rio Mondego, S. Martinho do Bispo) já estivesse desapetrechado, teriam de ser montadas tendas à porta dos antigos HUC (Celas).
Para o Secretariado da Concelhia conimbricense do PS, Coimbra "precisa de dois hospitais gerais centrais (e não de um hospital central sendo o outro um ‘armazém’)".
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