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Pedrógão Grande: Incêndios de 2017 não ajudaram a aumentar número de bombeiros

16 de junho de 2019 às 10:01

Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera têm um dispositivo "idêntico ao de há dois anos". Chegaram a ser abertas escolas de bombeiros, mas não houve candidatos.

Os incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, que provocaram 66 mortos, não fizeram aumentar o número de efetivos dos bombeiros voluntários nos três concelhos mais atingidos: Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera.

"O nosso dispositivo é idêntico ao de há dois anos. É um corpo de voluntários muito jovem, que são o futuro, mas era preciso mais alguém na faixa dos 50 anos por causa da maturidade", disse à agência Lusa o comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande (distrito de Leiria), Augusto Reis Arnaut.

Com 20 bombeiros assalariados e 55 voluntários, que no dia 03 de julho passam a 60, com a incorporação de cinco cadetes, a corporação de Pedrógão Grande tem vindo a perder elementos ao longo dos anos "devido à desertificação do interior".

Segundo Augusto Reis Arnaut, num corpo de voluntários é muito difícil assegurar o dispositivo permanente, que sobrevive à custa do sacrifício das férias de muitos bombeiros e estudantes.

O poder político deve, no seu entender, "investir nos bombeiros, que já têm a estrutura montada, enquanto andam a criar Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS/GNR) e Força Especial de Canarinhos".

No concelho ao lado, Figueiró dos Vinhos, o efetivo dos voluntários locais também é idêntico ao de 2017, embora esteja a decorrer uma escola de cadetes, que, em breve, vai fazer ingressar mais 10 jovens na corporação.

O comandante Jorge Martins disse à agência Lusa que o efetivo é muito jovem, com uma média de idade de 27/28 anos, salientando que os problemas surgem quando os "jovens terminam a universidade e depois têm de sair do concelho à procura de trabalho".

"Este é o nosso problema. Durante oito, nove ou 10 anos temos os jovens por aqui, mas depois abalam à procura de trabalho", salientou, lembrando que a corporação já chegou a ter mais de 120 bombeiros e, atualmente, tem pouco mais de 80.

Em Castanheira de Pera o cenário repete-se: "Não temos tido adesão e o número de elementos mantém-se idêntico" a 2017, referiu o comandante dos bombeiros voluntários do concelho, José Domingues.

"Em 2018, abrimos uma escola e não tivemos nenhum candidato", lamentou, adiantando que estão a estudar uma forma de chegar ao "pessoal mais novo através de benefícios e contrapartidas".

Nos incêndios de 2017, a corporação perdeu um bombeiro, de 40 anos, que não resistiu às graves queimaduras sofridas quando socorria uma família encarcerada num carro, depois de colidir com a viatura de combate onde seguia.

Atualmente, os Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera têm um corpo ativo com 60 elementos, incluindo os assalariados e os efetivos da Equipa de Intervenção Permanente (EIP).

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