Secções
Entrar

Paulo Pedroso: Segurança Social "não tem problema de sustentabilidade"

22 de outubro de 2020 às 20:53

"O problema é saber se a Segurança Social sustentável garante benefícios adequados às pessoas daqui a 20 anos", defendeu antigo ministro.

O antigo ministro do Trabalho Paulo Pedroso defendeu hoje que a Segurança Social "não tem um problema de sustentabilidade", mas acrescentou que existe o risco de o sistema previdencial não conseguir garantir prestações sociais adequadas no futuro.

"Portugal não tem um problema de sustentabilidade da Segurança Social, apesar de ser esse o espantalho que é agitado, mas começa a ter o risco de ter um problema de adequabilidade das prestações", disse o ex-governante socialista numa conferência da UGT sobre os "desafios à adequação e sustentabilidade da Segurança Social".

Para Paulo Pedroso, que é atualmente professor no ISCTE, "o problema não é saber se há Segurança Social daqui a 20 anos, mas saber se a Segurança Social sustentável garante benefícios adequados às pessoas daqui a 20 anos".

Durante a sua intervenção, o ex-ministro falou sobre o efeito das crises de 2009 a 2020 no sistema previdencial, indicando que as alterações feitas em 2012 levaram a uma redução do valor do subsídio de desemprego, que atualmente tem um montante médio de 500 euros e que estaria nos 1.900 euros se as regras não tivessem sido mexidas.

"Parece-me claro que os desempregados pagaram a fatura", afirmou Paulo Pedroso, indicando que a taxa de pobreza dos desempregados em 2005 estava abaixo dos 30% e em 2018 acima de 45%, sendo o único grupo socioeconómico em Portugal em que a vulnerabilidade à pobreza cresceu.

"Houve recuo da proteção sobre a forma de congelamento de custos" baseada em "cortes" nos subsídios em momentos de aumento do desemprego, "que não foram compensados nunca e que faz com que partíssemos para a nova situação [de crise] com proteção inferior", sublinhou.

Paulo Pedroso defendeu ainda que é necessário refletir qual o efeito que os períodos de desemprego terão nas pensões futuras que também já sofreram com os congelamentos efetuados na última década.

Por sua vez, o diretor-geral do Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) do Ministério do Trabalho, José Luís Albuquerque, defendeu que a Segurança Social "tem funcionado como estabilizador automático em situações de desemprego", lembrando que o sistema financia os subsídios de desemprego com as contribuições e quotizações e, por outro lado, financia os subsídios sociais com impostos, através do Orçamento do Estado.

"Faz sentido que continuemos a pensar que as contribuições devem financiar todo o tipo de desemprego que temos tido ou, em função da situação de um determinado setor ou fruto da atual pandemia, ser financiado por impostos?", questionou o dirigente público.

José Luís Albuquerque disse que atualmente a eventualidade do desemprego "está construída para uma conjuntura" tradicional e não para choques macroeconómicos ou crises como a atual, causada pela pandemia de covid-19.

Para o diretor-geral do GEP, a prorrogação dos subsídios de desemprego, uma das medidas do âmbito da crise pandémica, é financiada pelo Orçamento do Estado, mas "é uma mudança conjuntural".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela