Secções
Entrar

Montepio: Condenação de Tomás Correia deve originar avaliação de idoneidade

27 de março de 2019 às 12:12

O ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Vieira da Silva, diz "não ter dúvidas" de que a atuação do Banco de Portugal "deve dar origem a uma avaliação para aferir a idoneidade da administração eleita para a Associação Mutualista Montepio Geral".

O ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social disse hoje "não ter dúvidas" de que o conhecimento público da atuação do Banco de Portugal deve dar origem a uma avaliação da idoneidade de Tomás Correia.

"Não tenho dúvidas de que o conhecimento público dos atos derivados da atuação do Banco de Portugal deve dar origem a uma avaliação para aferir a idoneidade da administração eleita para a Associação Mutualista Montepio Geral", afirmou o ministro Vieira da Silva que está a ser ouvido na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.

Esta audição foi requerida pelo PSD e pelo Bloco de Esquerda no final de fevereiro para perceber quem tem competência para avaliar a idoneidade de Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, que foi condenado a uma multa de 1,25 milhões de euros pelo Banco de Portugal por irregularidades na concessão de crédito quando era presidente do banco Montepio.

O ministro do Trabalho sublinhou que o que está em causa é verificar quem deve avaliar a idoneidade à luz do novo Código das Associação Mutualista e não o exercício do poder de destituição que o Governo pode pedir judicialmente por atos praticados na gestão dessa instituição.

Vieira da Silva afirmou não existir "nenhum processo de proteção a ninguém", em resposta ao deputado do PSD António Leitão Amaro que referiu por várias vezes o facto de Tomás Correia "ter praticado um conjunto de atos sobre os quais foi condenado" e continuar como presidente da Associação Mutualista.

Mariana Mortágua, deputada do BE, questionou o ministro por que motivo nada tinha sido feito quando já havia indícios de questões relacionadas com a idoneidade de Tomás Correia, apesar de não existir ainda legislação que atribuísse a uma entidade o poder de fazer esta avaliação.

Na resposta Vieira da Silva referiu que há uma diferença entre "indícios de suspeitas e notícias de jornal" e a "decisão de uma autoridade competente", e que a sua grande preocupação enquanto decorria a auditoria do Banco de Portugal (que viria a culminar na referida condenação) foi "ir acompanhando a Associação Mutualista" e que toda a atuação do Governo nessa matéria "foi feita em defesa da estabilidade da associação mutualista".

Perante a insistência do CDS sobre o facto de nada ter sido feito e de ainda ter encorajado uma entrada de capital da Santa Casa da Misericórdia no Montepio, o ministro insistiu que não teve nenhuma informação adicional por parte das autoridades que estavam a conduzir o processo e que este "decorreu nos termos em que o regulador do setor financeiro entendeu e nos timings que considerou possível concretizar".

A questão sobre quem deve fazer essa avaliação foi alvo de alguma polémica nas últimas semanas com o Governo a entender que deve ser feita pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e o regulador dos seguros a insistir que não tinha competência para avaliar a idoneidade.

Perante este cenário, o Governo aprovou em meados de março uma norma clarificadora que esclarece que cabe à ASF "analisar o sistema de governação [das mutualistas], designadamente verificando a adequação e assegurando o registo das pessoas que dirigem efetivamente as associações mutualistas, as fiscalizam ou são responsáveis por funções-chave, incluindo o cumprimento dos requisitos de idoneidade, qualificação profissional, independência, disponibilidade e capacidade, bem como os riscos a que as associações mutualistas estão ou podem vir a estar expostas e a sua capacidade para avaliar esses riscos, por referência às disposições legais, regulamentares e administrativas em vigor para o setor segurador".

A Associação Mutualista Montepio Geral, com mais de 600 mil associados, é o topo do grupo Montepio e tem como principal empresa o banco Montepio, que desenvolve o negócio bancário.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela