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Ministro da Defesa defende estudo nacional sobre necessidade de um aeroporto no centro

21 de setembro de 2020 às 20:28

João Gomes Cravinho admite ser possível abrir a base de Monte Real à aviação civil, mas defende que esta matéria "precisa de ser acompanhada por um estudo" daquilo que se pretende para o país.

O ministro da Defesa defendeu hoje que deve ser realizado um estudo para aferir da necessidade para o país de criar mais um aeroporto no centro, admitindo ser possível abrir a base de Monte Real à aviação civil.

"É preciso assegurar o funcionamento da estrutura militar que é fundamental para o nosso país e para a NATO. As pessoas não têm noção, mas a defesa portuguesa é assegurada 24 horas por dia por aeronaves sediadas em Monte Real [em Leiria]. Isso é fundamental manter, mas não é impeditivo da possibilidade de haver aviões civis a aterrarem e a levantarem voo em Monte Real", disse João Gomes Cravinho, à margem de uma mesa redonda sobre a "Economia de Defesa para o Futuro", em Leiria.

O ministro defende, porém, que esta matéria "precisa de ser acompanhada por um estudo" daquilo que se pretende para o país "em matérias de estruturas aeroportuárias no plano nacional".

"Faz sentido pensando nacionalmente haver aqui uma estrutura aeroportuária? Vamos retomar um processo que já esteve em curso e que entretanto foi interrompido pelas eleições de outubro e depois pela pandemia", acrescentou.

Gomes Cravinho referiu que deve existir um estudo entre o Ministério da Defesa e o Ministério das Infraestruturas e da Habitação "para olhar para aquilo que é possível para Monte Real" e, "em paralelo, deve haver um estudo sobre para que serviria, qual o investimento e como se vai buscar o financiamento".

Sobre a possibilidade de abrir a Base Aérea n.º 5, em Monte Real, se existir um projeto privado, que seja economicamente sustentável, o governante sublinhou que a "perspetiva da Defesa não tem a ver com o sucesso do projeto".

"A perspetiva é assegurar o bom funcionamento da base militar. Se o projeto é economicamente viável isso já é desde logo para o financeiro, mas também para o Ministério das Infraestruturas. A nossa preocupação é assegurar a viabilidade permanente da base aérea", reforçou.

Desde que essa viabilidade "entre as utilizações esteja garantida", João Gomes Cravinho considera que "está assegurada a condição" do uso do espaço para a aviação civil.

Além disso, o minsitro recorda que a BA5 "já foi utilizada no passado para receber aviões civis", pelo que admitiu que pode suceder o mesmo no futuro.

O presidente do Município de Leiria, Gonçalo Lopes, disse hoje que está disponível para enviar ao Governo o estudo sobre a viabilidade da abertura da Base Aérea n.º 5, em Monte Real, à aviação civil.

A posição de Gonçalo Lopes surge em reação à entrevista da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, no domingo, que avançou que ainda viu "nenhum estudo" que demonstre que essa infraestrutura aeroportuária é necessária e aonde.

O autarca socialista reforçou à agência Lusa que a defesa do aeroporto em Monte Real "é baseada num estudo (adquirido pelos Municípios de Leiria e da Marinha Grande), que sustenta esta opção dada a proximidade de Fátima, o único polo da região com capacidade para gerar um fluxo de turistas suficiente para viabilizar a construção de um aeroporto na região".

"Realçamos que o mesmo estudo demonstra que esta infraestrutura é viável e que existem empresários interessados em investir na sua construção. Teremos todo o gosto de enviar este estudo à senhora ministra", afirmou o também presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria.

Gonçalo Lopes lembrou ainda que o "Município de Leiria desde há largos anos tem vindo a trabalhar no sentido de garantir um aeroporto na região, e sempre trabalhou no sentido de alcançar um consenso alargado sobre este tema, no sentido de defender da melhor forma possível os interesses da região e do país".

O presidente deu como exemplo a realização do "Fórum Aviação Civil em Monte Real -- uma aposta para o desenvolvimento futuro da região", em junho de 2018, em Leiria, "que contou com a participação de diversos representantes de forças vivas da região".

Também o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, disse hoje que o estudo sobre a criação de um aeroporto na região Centro, encomendado pelo município, é um contributo ajudar a tornar o país "mais coeso".

O estudo promovido recentemente pela Câmara de Coimbra no sentido de construir uma infraestrutura aeroportuária a sul de Coimbra, de modo a servir diretamente esta e outras cidades como "Fátima, Figueira da Foz e Leiria, entre outras", e para "ajudar o Governo a desenvolver um país mais coeso foi apresentado ao ministro da tutela [Pedro Nuno Santos] no início deste ano", disse à agência Lusa Manuel Machado.

A apresentação foi feita no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa, pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra, porque esta entidade, que agrega 19 municípios, "também está empenhada neste assunto [criação de um aeroporto], que é um desígnio estratégico para a região Centro", sublinhou.

A Câmara de Coimbra promoveu o estudo, pois é fundamental que a região disponha de "uma infraestrutura aeroportuária para voos nacionais e internacionais" e entendeu que deveria "dar um contributo ao país e ao Governo" para criar uma alternativa à Base Aérea de Monte Real, no concelho de Leiria, cuja abertura ao tráfego civil é reivindicada "desde 1962".

Em entrevista ao programa Conversa Capital, da Antena 1 e Jornal de Negócios, Ana Abrunhosa classificou de "mau exemplo" a disputa entre as regiões de Leiria e Coimbra pela construção de um novo aeroporto na região Centro.

"Hoje, na região Centro, temos várias cidades a reclamar o aeroporto, isto não é coesão", enfatizou a ministra.

A ministra da Coesão Territorial, que antes de ir para o Governo liderou a Comissão de Coordenação do Centro (CCDRC), exortou "todos os interessados" no novo aeroporto daquela região a unirem-se em redor de um projeto, trabalharem em conjunto e garantirem que é sustentável.

EYC(JEF/JLS) // JPS

Lusa/Fim.

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