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Manifestação silenciosa contra incêndios junta mais de 1.500 pessoas em Viseu

21 de outubro de 2017 às 17:49

"Temos previsto ainda hoje levar bens a cerca de duas dezenas de pessoas", afirmou organizador.

Mais de 1.500 concentraram-se hoje no Rossio de Viseu, numa manifestação silenciosa intitulada 'Portugal contra os Incêndios', onde despontaram vários cartazes e algumas rosas brancas, em memória das 44 vítimas mortais do último domingo.

"Renascer das cinzas, "Força Portugal" e "Obrigada a todos os que lutaram contra o fogo" são algumas das frases que se podiam ler em cartazes que vários populares empunham em frente à Praça da República, junto à Câmara de Viseu.

Vários outros cartazes recordavam os concelhos do sul do distrito de Viseu, que mais foram castigados pelas chamas do último domingo e de onde são provenientes a grande parte dos manifestantes silenciosos.

Duas dezenas de 'motards' fizeram uma 'guarda de honra' aos bombeiros presentes que acabaram por ser aplaudidos em jeito de homenagem e agradecimento pelo combate desigual às chamas que assolaram vários pontos do país.

A mobilização para a homenagem silenciosa nasceu pela mão de Paulo Pinheiro, de Tibaldinho, concelho de Mangualde, que decidiu criar um evento na rede social Facebook à medida que as imagens das chamas lhe eram trazidas pela televisão.

"Toda a gente esperava por uma coisa destas, eu só dei o primeiro passo, mas havia desde logo muita gente para ajudar. Para este evento contávamos há pouco com 2.500 pessoas a dizer que viriam, 8 mil tinham intenção de vir, num total de 15 mil convidados", informou.

Depois da manifestação silenciosa, que "serve essencialmente para as pessoas reflectirem", o trabalho deste grupo "vai continuar".

"Temos previsto ainda hoje levar bens a cerca de duas dezenas de pessoas", acrescentou.

Álvaro Policarpo deslocou-se de Povolide até ao Rossio em homenagem às vítimas dos incêndios do último dia 15 de Outubro, mas também para deixar o alerta para "uma situação perigosa".

Nas mãos trazia uma imagem em tamanho A4 de um eucaliptal plantado num terreno contíguo a umas bombas de gasolina em Povolide, no concelho de Viseu. "É um rastilho, admitiu.

Já Maria de Fátima Carvalho, que esteve emigrada e regressou há pouco mais de mês e meio a Viseu, não conseguiu esconder a revolta em relação "ao que o país tem vindo a sofrer por causa dos fogos".

"Custa-me muito ouvir quem está no 'poleiro' dizer que a culpa é nossa, quando eles é que não fazem nada. Se nos calarmos, vai continuar tudo na mesma", concluiu.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões norte e centro.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

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