Secções
Entrar

Mais de 37 mil estrangeiros pediram nacionalidade portuguesa num ano

27 de junho de 2018 às 07:22

Dados do mais recente relatório do SEF revelam ainda que os pedidos de asilo a Portugal aumentaram (19,1%) em 2017.

Mais de 37 mil cidadãos estrangeiros pediram a nacionalidade portuguesa em 2017 - aumento de 5,2% relativamente a 2016 -, segundo dados do mais recente relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), apresentado esta quarta-feira. Também os pedidos de asilo a Portugal aumentaram (19,1%) no ano passado.

1 de 7
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA

O Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA) de 2017, a que agência Lusa teve acesso, adianta que o SEF emitiu 28.673 pareceres, 27.362 dos quais positivos e 1.311 negativos.

Quem mais adquiriu a nacionalidade portuguesa em 2017 foram os naturais do Brasil (10.805), Cabo Verde (3.022), Israel (2.539), Ucrânia (1.960) e Angola (1.613), segundo o documento, que será apresentado durante a cerimónia que assinala os 42 anos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

O SEF destaca ainda outros estrangeiros, tais como naturais da Turquia (1.329), Guiné-Bissau (1.258), São Tomé e Príncipe (835), Índia (646), Moldávia (438), Marrocos (390), Roménia (358), Nepal (297), Paquistão (254) e Rússia (235).

"O crescimento acentuado de pedidos de nacionalidade de cidadãos oriundos de Israel e Turquia não deverá ser dissociado da alteração do regulamento da nacionalidade portuguesa relativo à naturalização de estrangeiros descendentes de judeus sefarditas portugueses", refere o documento.

O SEF adianta que a maior parte dos pedidos de aquisição de nacionalidade portuguesa está relacionada com a naturalização (71%), seguido de estrangeiros casados ou em união de facto há mais de três anos com nacional português (16%) e atribuição originária (6%).

Sobre a aquisição de nacionalidade por efeito da vontade de casamento ou união de facto, o SEF salienta que os pedidos são apresentados por nacionais do Brasil (2.378), Cabo Verde (498), Angola (454), Ucrânia (353), Índia (281), Guiné-Bissau (230) e Venezuela (188), além do Nepal (111), Paquistão (101), Marrocos (78) e Bangladesh (53).

O RIFA indica ainda que, neste tipo de processos, verifica-se a existência de um grande número de cidadãos estrangeiros que, não sendo residentes no território nacional, efectuam o pedido de nacionalidade junto das embaixadas e consulados de Portugal da área de residência, como no Brasil, Reino Unido, França, Luxemburgo, Suíça e Emirados Árabes Unidos.

Pedidos de asilo aumentaram 19% 
Os pedidos de asilo a Portugal aumentaram 19,1% em 2017 face a 2016, ascendendo a 1.750, sendo a maioria de cidadãos asiáticos e africanos. "Os principais indicadores em matéria de asilo e protecção internacional, no ano de 2017 e tal como já havia ocorrido em 2016, demonstram uma evolução expressiva face ao tradicionalmente verificado em Portugal. Como factor explicativo, surge o da instabilidade existente em diversas áreas geográficas", precisa o RIFA de 2017.

O SEF destaca que "não pode ser negligenciada a utilização abusiva dos mecanismos de protecção internacional enquanto procedimento utilizado por redes de auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas".

O relatório sustenta que se registou, em 2017, um "acréscimo do número de pedidos de protecção internacional face ao ano transato (19,1%), ascendendo a 1.750 pedidos, nos quais se incluem os referentes ao mecanismo de recolocação no âmbito dos compromissos nacionais assumidos perante a União Europeia".

Segundo o RIFA 2017, a maior parte dos pedidos de asilo foram apresentados por cidadãos asiáticos (803), seguido dos africanos (711) e dos europeus (163).

Entre os cidadãos de origem asiática destacam-se os nacionais da Síria (426), Iraque (283), Afeganistão (32) e Paquistão (21), enquanto 76% dos pedidos de asilo formulados por europeus foram de ucranianos.

Nos pedidos apresentados por cidadãos africanos, o documento realça os nacionais da República Democrática do Congo (158), de Angola (121), da Eritreia (67), do Congo (58) e Guiné (42).

O relatório adianta que a maioria dos pedidos foi apresentada em Portugal, sublinhando que 67% dos requerentes de asilo em 2017 eram homens com idades entre os 19 e os 39 anos.

De acordo com o SEF, no ano passado foram reconhecidos 119 estatutos de refugiado a cidadãos de países africanos e asiáticos e concedidos 381 títulos de autorização por protecção subsidiária (267 em 2016), maioritariamente a nacionais de países asiáticos (278), europeus (42) e africanos (42).

No âmbito do programa de recolocação da UE, lançado em Setembro de 2015 e concluído em Março de 2018, Portugal acolheu, no ano passado, 741 refugiados, na sua maioria provenientes da Grécia e famílias de nacionalidade Síria.

Em relação à Agenda Europeia das Migrações, o relatório diz ainda que Portugal recebeu no ano passado 171 refugiados, dos quais 130 de nacionalidade síria provenientes da Turquia, e 41 de diversas nacionalidades que estavam no Egipto e Marrocos.

Acções de inspecção e fiscalização do SEF diminuíram quase um quarto
As acções de inspecção e fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) diminuíram 22,5% em 2017 em relação a 2016, totalizando 5.852. "A quebra registada no número de acções de inspecção e fiscalização deve-se, sobretudo, a uma maior concentração de efectivos em acções direccionadas para o controlo de fronteiras e à necessidade de desenvolver a resposta nacional para a crise migratória", refere o RIFA.

Em relação à crise migratória, os inspectores estiveram envolvidos na preparação de equipas capacitadas em matéria de asilo em todo o país e foram mobilizados para o exterior no âmbito da resposta solidária no quadro da União Europeia, nomeadamente pela agência europeia de controlo de fronteiras Frontex e Gabinete Europeu de Apoio em Matéria de Asilo (EASO).

Segundo o SEF, as acções de inspecção visaram sobretudo a área documental, terminais de transportes, controlos móveis e estabelecimentos de restauração.

Na sequência destas acções, o SEF identificou 1.963 pessoas em situação irregular.

O RIFA avança igualmente que 4.811 ilegais, sobretudo do Brasil e da Índia, foram notificados para abandonar voluntariamente o país no ano passado (menos 12% do que em 2016), invertendo a tendência que se verificava desde 2015.

Em 2017, verificou-se também um decréscimo do afastamento de cidadãos estrangeiros do país (-5,6%), totalizando 354 cidadãos, 187 dos quais no âmbito de expulsões administrativas, 129 em cumprimento de decisões judiciais de pena acessória de expulsão e 38 em sede de procedimento de condução à fronteira.

No que diz respeito à detecção de documentos falsos ou falsificados, o relatório do SEF indica que se registou um aumento de 4,7% em 2017 face a 2016, num total de 619 documentos de identidade, viagem ou residência fraudulentos.

Segundo o RIFA, o tipo de documento mais utilizado de forma fraudulenta foi o passaporte comum (374), registando um aumento de 1,6%, seguido pelos Bilhetes de Identidade (136) e Títulos de Residência (75).

Quase a totalidade dos documentos falsos foram detectados nos postos de fronteira (614), em particular nos aeroportos de Lisboa (537), Faro (46), Porto (17) e Ponta Delgada (14), e a origem mais frequente foi a europeia, nomeadamente francesa e italiana.

As nacionalidades mais expressivas dos portadores de documentos falsos foram a albanesa (130), a angolana (60) e a senegalesa (28).

O relatório indica também que a tendência de crescimento verificou-se igualmente no número de pessoas controladas nas fronteiras, num total de 18.016.280 passageiros, mais 16,9% em 2017 do que no ano anterior, um aumento que se registou no controlo das fronteiras aéreas (mais 19%) e marítimas (mais 4,4%).

O RIFA destaca o aumento do número de recusas de entrada em Portugal a estrangeiros que não reuniam as condições legalmente previstas para a sua admissão no País (+37,1%), ascendendo a 2.269.

Os principais fundamentos da recusa de entrada em Portugal foram a ausência de motivos que justificassem a entrada (965), ausência de visto adequado ou visto caducado (776) e indicações para efeitos de não-admissão no espaço Schengen (124).

De acordo com o SEF, cerca de 62,3% das recusas de entrada incidiram sobre cidadãos do Brasil.

Por outro lado, registou no ano passado uma diminuição do número de vistos concedidos em postos de fronteira (-9,7%), em particular nos postos de fronteira aérea, que "poderá estar associada à recomendação para restrição da emissão de visos a passageiros marítimos que se apresentem nas fronteiras aéreas", indica ainda o documento.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela