Secções
Entrar

Maioria dos estudantes foi vitima de bullying durante pandemia

16 de setembro de 2020 às 07:21

Os estudantes do sexo masculino, os que pertencem a famílias com rendimentos familiares mais baixos e gays ou lésbicas foram as principais vítimas.

A maioria dos estudantes que participou num inquérito nacional disse ter sido vítima de 'ciberbullying' durante a pandemia, um problema que afetou mais os rapazes, os jovens de famílias com menos rendimentos e os estudantes gays e lésbicas.

Quando as escolas encerraram e as aulas presenciais foram substituídas pelo ensino à distância, uma equipa de investigadores do Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE tentou perceber se havia um aumento de casos de 'ciberbullying'.

Através de um inquérito 'online', a maioria dos estudantes (61,4%) admitiu ter sido vítima entre os meses de março e maio de 2020, contou à Lusa a investigadora Raquel António, que lidera a equipa do Instituto Universitário de Lisboa.

Os estudantes do sexo masculino, aqueles que pertencem a famílias com rendimentos familiares mais baixos e os estudantes gays ou lésbicas foram as principais vítimas.

As consequências de sofrer 'bulliyng' traduziram-se em "sentimentos de tristeza, sentirem-se mais irritados ou nervosos", contou Raquel António.

Outra das questões do inquérito estava relacionada com a perceção do aumento de casos e a maioria dos alunos (59%) sentiu, precisamente, que houve mais mensagens com conteúdos prejudiciais e violentos.

Quase nove em cada dez admitiu ter observado situações de 'bullying' 'online', mas apenas metade disse ter atuado para impedir a continuidade da agressão, ainda segundo os resultados do estudo "Cyberbullying em Portugal durante a pandemia do Covid-19".

Os alunos que disseram ter agido perante um caso de bullying explicaram que a solução passou por dar apoio à vítima, aconselhar a expor a situação a alguém de confiança ou tentar perceber a gravidade do bullying cometido.

O estudo do ISCTE mostrou ainda que mais de um quarto dos jovens que responderam ao inquérito assumiu ter feito 'bullying'.

As principais razões para o fazerem foi "por diversão", vingança e necessidade de afirmação. O estudo revela que apenas 16% admitiram sentir culpa pelo que estavam a fazer.

Se as vítimas falam em sentimentos de tristeza, irritação e nervosismo, os agressores escolhem "a indiferença, a raiva e a alegria como as emoções mais frequentes durante o cyberbullying".

Os resultados do estudo hoje divulgado são referentes ao período entre março a maio deste ano e contaram com a participação de 485 alunos do ensino básico, secundário e superior. 

"A amostra é pequena", mas tem alunos de todos os distritos do país, contou à Lusa a coordenadora.

A investigadora Raquel António lembrou que em todo o mundo milhões de crianças e jovens foram afetadas pelo fecho de escolas durante o confinamento, ficando "mais vulneráveis e expostas a serem vítimas de cyberbullying".

Para a investigadora, são precisas medidas mais eficazes no combate ao cyberbullying, tais como as escolas discutirem mais o assunto ou serem criados veículos de redução de mensagens e conteúdo violento.

"É necessária uma cultura de promoção de empatia e de denuncia de conteúdo abusivo para prevenir situações de bullying online", defendeu Raquel António.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela