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Incêndios: Câmara de Mação diz que declarações de Costa "não foram corretas"

23 de julho de 2019 às 12:20

O primeiro-ministro afirmou que os autarcas são os "primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho", ao responder a críticas como a do vice-presidente da Câmara de Vila de Rei sobre a prevenção dos incêndios.

O vice-presidente da Câmara deMaçãodisse esta terça-feira à agência Lusa que as declarações do primeiro-ministro sobre a responsabilidade dos autarcas pela proteção civil "não foram corretas" e garantiu esperar que a leitura feita dessas palavras seja corrigida.

"Essas intervenções do senhor primeiro-ministro, naquele momento em específico e da forma como foram feitas, não foram corretas, digamos assim. No entanto, eu acho que o senhor primeiro-ministro é uma pessoa com quem eu partilho inteiramente aquele que é o pensamento de fundo sobre a floresta portuguesa que, na prática, é tudo aquilo que eu tenho vindo a dizer nos últimos anos, desde 2006", disse o vice-presidente da Câmara Municipal de Mação, António Louro.

O primeiro-ministro sublinhou na segunda-feira que os autarcas são os "primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho", ao responder a críticas como a do vice-presidente da Câmara deVila de Reisobre a prevenção dos incêndios.

"Eu não faço comentário enquanto os incêndios e as operações estão a decorrer e, sobretudo, não digo aos que são os primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho, que são os autarcas, o que é que devem fazer para prevenir, através da boa gestão do seu território, os riscos de incêndio", disseAntónio Costaaos jornalistas.

O vice-presidente do município de Mação, que também é responsável pela proteção civil, disse hoje à Lusa que "o problema da floresta e dosincêndiosé estrutural, tem a ver com a desagregação do tecido humano do interior, tem a ver com uma paisagem completamente insustentável que se foi criando lentamente".

"O senhor primeiro-ministro é das pessoas mais bem preparadas em Portugal para perceber este processo. Vem de desempenhar o cargo de ministro da Administração Interna, sabe que não há nenhuma solução para o problema dos incêndios nessa área", acrescentou.

Na opinião de António Louro, "a solução é estrutural, tem que ser feita com o ordenamento, tem que ser feita com a gestão, tem que ser feita com uma nova forma de encarar os territórios do interior".

"E, portanto [António Costa], ao fazer aquela intervenção, foi um momento menos feliz, quando o país precisa do senhor primeiro-ministro, que é uma pessoa que está preparada, e sabe o que é que há a fazer. Agora, temos é que passar das palavras aos atos", sublinhou.

O responsável diz ter "a certeza" que o primeiro-ministro "rapidamente irá corrigir a leitura que erradamente se possa, porventura, fazer dessas palavras, porque aquilo que ele queria dizer não é, com certeza, que somos nós os responsáveis por tudo isto".

Pelas 11:00, o incêndio que começou no sábado em Vila de Rei e que alastrou a Mação, estava dominado, sem frentes ativas, e o sistema operacional estava "empenhado em ações de vigilância", nos locais de maior risco para a ocorrência de reacendimentos, segundo António Louro.

"Estamos a viver horas de espera. [Estamos] à espera que os mais de 55 quilómetros de perímetro que o incêndio tem arrefeçam e deixem de continuar a ter reacendimentos. Estamos, naturalmente, expectantes, preocupados, porque o perímetro é muito grande, há ainda alguns pontos quentes e estão previstas para hoje novamente condições climatéricas complexas, com altas temperaturas, com vento, que são propicias à ocorrência de novos reacendimentos", disse o autarca.

Pelas contas do vice-presidente da autarquia de Mação, naquele concelho do distrito de Santarém a área ardida "andará à volta dos 5.500 hectares".

O responsável reafirmou que as chamas destruíram duas casas de primeira habitação e duas pessoas ficaram desalojadas.

Ardeu uma habitação que estava isolada no meio da floresta, propriedade de um homem de nacionalidade alemã, e outra na aldeia de Roda, onde vivia um homem com 91 anos, precisou António Louro.

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