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Graça Fonseca: Vasco Pulido Valente foi "dos intelectuais mais marcantes" de Portugal

21 de fevereiro de 2020 às 19:45

"Com uma escrita exemplar e limpa, os textos de Vasco Pulido Valente são um testemunho único sobre a nossa história, do período oitocentista e da Primeira República, do 25 de Abril e da vida em democracia, fruto de um conhecimento muito profundo e sistematizado da realidade portuguesa", escreveu a ministra da Cultura.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou hoje a morte do historiador, ensaísta e comentador político Vasco Pulido Valente, considerando que o escritor foi "um dos intelectuais mais marcantes da vida pública portuguesa" nos últimos 50 anos.

Numa nota de pesar, em que apresenta "sentidas condolências" à família e amigos, Graça Fonseca refere que Vasco Pulido Valente foi "uma voz dissonante" e tinha um "olhar lúcido e crítico da política e da sociedade portuguesa, que nunca procurou nem pediu consensos".

O historiador morreu hoje, em Lisboa, aos 78 anos.

"Com uma escrita exemplar e limpa, os textos de Vasco Pulido Valente são um testemunho único sobre a nossa história, do período oitocentista e da Primeira República, do 25 de Abril e da vida em democracia, fruto de um conhecimento muito profundo e sistematizado da realidade portuguesa", prossegue a nota.

Para a ministra da Cultura, as crónicas do também comentador político tornaram-no num "crítico polémico e radical", e evidenciavam o "fio de pensamento e a argúcia de quem soube que a História era e será sempre maior do que os homens que a viveram".

De nome Vasco Valente Correia Guedes, o ensaísta nasceu em 21 de novembro de 1941, licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorou-se em História pela Universidade de Oxford.

Ainda adolescente adotou o nome de Vasco Pulido Valente por não gostar do nome de nascimento, como chegou a revelar em entrevistas.

Trabalhou como investigador-coordenador do Instituto de Ciências Sociais e lecionou no Instituto Superior de Iconomia (atual ISEG), no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, na Universidade Católica e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Foi colunista dos jornais Público, Expresso, Diário de Notícias, A Tarde, O Independente e do O Observador.

Trabalhou ainda como comentador da TSF, da Rádio Comercial e da TVI.

Entre os livros que publicou, contam-se "Os Militares e a Política: 1820-1856", "A República Velha: 1910-1917", "Marcelo Caetano: As Desventuras da Razão", "De Mal a Pior" e "O Fundo da Gaveta", estes dois últimos, os mais recentes, publicados pela D. Quixote.

Uma crónica sua, no Público, sobre o estado do PS, no verão de 2014, intitulada "A Geringonça", viria a estar na origem da caracterização feita mais tarde pelo antigo líder do CDS-PP Paulo Portas sobre os acordos entre PS, Bloco de Esquerda, PCP e Partido Ecologista "Os Verdes", que viriam a sustentar a constituição do XXI Governo Constitucional.

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