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BE: Críticos acusam Catarina Martins de dar “tiro na democracia”

Margarida Davim 05 de março de 2021 às 07:06

Oposição interna ataca redução de delegados à Convenção do BE.

A XII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda está marcada para os dias 22 e 23 de maio, no Porto, mas já está a agitar as hostes bloquistas. A moção E, crítica da direção de Catarina Martins acha mesmo que as regras que estão a ser definidas vão condicionar a discussão política que lá se fará.

JOSE SENA GOULAO/LUSA

"A Comissão Política do Bloco quer alterar o Regulamento da XII Convenção Nacional para reduzir a metade o número de delegados à Convenção. É um tiro na democracia, na proporcionalidade e na representatividade do principal órgão de decisão bloquista. Com que argumento? A pandemia…", notam os elementos do Movimento Convergência, numa nota à imprensa. 

Para estes bloquistas, trata-se de uma "medida injustificada e com propósitos antidemocráticos" que não tem justificação.

Muito críticos do rumo do partido, recusam, porém, que a posição agora assumida se resuma a uma questão de facções. "Não está em causa esta ou aquela moção. Trata-se da democracia", asseguram.

Na moção que vão apresentar à Convenção, os membros do Movimento Convergência atacam a excessiva parlamentarização do partido, as fracas conquistas alcançadas nos acordos com o PS - nomeadamente em matéria laboral - e não apresentação do BE como verdadeira alternativa ecossocialista.

"É essencial criar uma rede política e social à escala local e regional, com a afirmação de dirigentes políticos bloquistas reconhecidos pelos concidadãos. Todo o apoio às iniciativas locais e deslocação de meios efetivos e de recursos para a dinamização do trabalho local do Bloco", defendem na moção, que diz que "o trabalho local, autárquico, sindical, nas diferentes áreas de intervenção, deve ganhar centralidade no esforço de construção do partido/movimento".

"O Bloco reforça-se incentivando uma militância crítica nas grandes campanhas políticas e não apenas mera executora de tarefas ou angariadora de nomes quando há eleições ou em processo de Convenção", criticam.

De resto, estes bloquista veem nas perdas eleitorais o resultado de um rumo que falhou. "A estratégia do Bloco orientou-se para garantir laços políticos institucionais com o PS, que não conseguiu, não alcançando o objetivo de "ser força de governo, com uma nova relação de forças" traçado na XI Convenção Nacional, tendo-se assistido a uma perda eleitoral da esquerda e uma deslocação à direita das forças parlamentares".

A consequência, acreditam, é que "o Bloco surgiu, assim, como parceiro menor das políticas do Governo e do PS, dissolvendo nessa manobra a autonomia e radicalidade estratégica que lhe é matricial", pelo que o partido deve voltar a afirmar-se pela esquerda.

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