Alunos de Medicina entregaram mais de 2.700 cartas a pedir criação de observatório
"Estamos a criar cada vez mais médicos não-especialistas que acabam por exercer como médicos tarefeiros no Serviço Nacional de Saúde", lamenta ANEM.
Estudantes de Medicina entregaram hoje no Ministério da Saúde mais de 2.700 cartas em que apelam à criação de um observatório de planeamento dos recursos humanos em saúde.
As cartas foram assinadas pelos alunos e recolhidas na segunda-feira em Lisboa, Porto e Coimbra, nos locais onde os estudantes de Medicina realizaram a Prova Nacional de Acesso à Especialidade, numa ação promovida pela Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM).
Em declarações à agência Lusa, o presidente da ANEM, Vasco Mendes, adiantou hoje que as cartas são endereçadas aos Ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e levam a proposta de constituição de um observatório de planeamento dos recursos humanos em saúde.
Segundo Vasco Mendes, todos os anos, desde 2015, há estudantes que ficam de fora do acesso à especialidade: "estamos a criar cada vez mais médicos não-especialistas que acabam por exercer como médicos tarefeiros no Serviço Nacional de Saúde".
Para o presidente da ANEM, esta situação "não traz qualidade ao serviço, não traz qualidade de formação e não é bom do ponto de vista financeiro".
"Preocupados com o estado do Serviço Nacional de Saúde", os estudantes, os candidatos e a ANEM decidiram juntar-se nesta ação conjunta para voltar a apresentar ao Governo a proposta de criação do observatório para colmatar a falta de planeamento de recursos humanos.
Para os estudantes, tem havido "uma má gestão de recursos humanos", mas, para além disso, não tem havido "um rumo".
"Não sabemos qual é a necessidades de médicos no interior, no litoral, nos centros urbanos e nos centros rurais. Temos de fazer estudos, levantamentos, produzir relatórios e a partir daí propor medidas políticas concretas dirigidas para satisfazer as necessidades de saúde das regiões e do país", defendeu Vasco Mendes.
O que os estudantes entregaram hoje no Ministério da Saúde é "quase um projeto de lei que os dois ministérios podem abraçar com a constituição do observatório", defendeu Vasco Mendes.
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