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400 pessoas na Serra da Estrela contra a exploração de lítio

24 de agosto de 2019 às 14:23

Os participantes dizem um "não redondo" ao Governo na corrida "completamente desenfreada" ao lítio, disse o representante da Quercus.

Cerca de 400 pessoas participaram hoje na Torre, o ponto mais alto da Serra da Estrela, numa ação organizada por um grupo de cidadãos e associações ambientais contra a exploração de lítio em Portugal.

A ação, que decorreu no ponto mais alto de Portugal continental, consistiu na criação da mensagem "Não às minas. Water is life [A água é vida]" e no desenho da "árvore da vida", com o recurso aos corpos das pessoas, que foram filmados com um 'drone'.

Na iniciativa participaram cerca de 400 pessoas, segundo a organização, sendo a maioria estrangeiras, e também representantes de associações ambientalistas e movimentos cívicos e do partido ecologista Os Verdes.

Segundo os promotores, a mensagem visual irá ser divulgada internacionalmente "para ampliar as vozes dos milhares de cidadãos e grupos ambientais do centro e norte do país que estão contra a mineração de lítio e outras substâncias à porta das suas residências".

A iniciativa foi promovida pelas organizações Awakened Forest Project e Wildlings, com o apoio de outras entidades como a Tamera, Teia da Terra ou Linha Vermelha.

De acordo com Raquel Perdigão, da organização, a ação é "uma chamada de atenção para todos os contratos [de explorações de lítio] que estão prestes a serem assinados" em Portugal.

"Nós queremos chamar a atenção, não só da população, mas também do Governo", disse.

Raquel Perdigão explicou aos jornalistas que a exploração de lítico acarreta "riscos sociais, económicos e ambientais", destacando a poluição devido às emissões de CO2 (dióxido de carbono) e de lençóis freáticos e preocupações com "a desflorestação das áreas que poderão sofrer essa extração".

Os participantes exigem ao Governo e às entidades locais para que repensem os efeitos que a exploração de lítio terá para o país.

Samuel Infante, da associação ambientalista Quercus, entidade que está desde a primeira hora na luta "contra a corrida ao lítio", disse que a ação realizada na Serra da Estrela serve para dizer que o país "não precisa desta corrida" a esta exploração e existem alternativas de desenvolvimento.

Os participantes dizem um "não redondo" ao Governo na corrida "completamente desenfreada", disse o representante da Quercus.

Miguel Martins, do partido ecologista Os Verdes, que também marcou presença na ação, disse à Lusa que "não pode haver exploração de recursos minerais que coloquem em causa a qualidade de vida das populações, dos ecossistemas e do próprio ambiente".

O local foi escolhido para o protesto - a Torre, o ponto mais alto de Portugal continental - foi por existirem diversos pontos de prospeção de lítio à volta da Serra da Estrela, com a concessão "Boa Vista", que abrange os concelhos de Seia, Tábua, Oliveira do Hospital e Gouveia, segundo os promotores.

A ação popular hoje realizada é contra a estratégia internacional do Governo "de lançar Portugal como destino para a mineração de lítio, com 10,1% do território para prospeção", também assinalada.

O protesto apanhou de surpresa o pastor Pedro Gomes, de Oliveira do Hospital, que apascenta 400 ovelhas na Serra da Estrela.

Pedro Gomes disse à Lusa que a exploração de lítio "é muito prejudicial para a saúde e para as águas" e o Governo devia "por um travão" no processo.

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