Sábado – Pense por si

Bruno Nogueira
Bruno Nogueira Humorista
23 de abril de 2024 às 23:00

Vantagem minha

Ver o Federer jogar era como ver o melhor dos bailarinos clássicos a fazer um solo. Tudo o que ele fazia em campo parecia coreografado para parecer leve e fácil. Não se via o esforço, não suava – andava por ali a flutuar entre as linhas, como se estivesse de passagem.

COMECEI muito pequenino a jogar ténis com o meu pai, aos fins-de-semana, nos campos do Jamor. Muitas vezes jogava com ele, outras vezes ficava a bater bolas contra a parede, e a imaginar o adversário a ter de correr muito para apanhar as pancadas fortes que eu achava que tinha. Com uns 8 anos fui para o CIF, e mais tarde para o Ace Team, onde joguei até aos 19 anos. O ténis salvou a minha adolescência. Manteve-me focado, com o objectivo de tentar ser cada vez melhor em alguma coisa. Foi com o ténis que passei as tardes todas e os fins-de-semana, e foi onde joguei torneios e aprendi a perder. Onde me lesionei várias vezes nos tornozelos e na lombar, fiz várias bolhas nas mãos e nos pés, fiquei com calos de derrapar no campo, conheci treinadores e jogadores que passaram a ser amigos, e onde me espantei com amores e amargos de boca. Adorava chegar a casa com as meias laranja da terra batida, partir cordas por achar que estava a bater mais forte, trocar os grips, ficar com bronzeado à camionista, regar o campo nos dias de calor, e abrir latas de bolas novas.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais