Há quem se canse de estar bem e crie problemas onde eles não pediram para estar. Inventam-nos, talvez por falta de assunto, talvez por falta de sono. Arquitectam dificuldades, para depois as demolirem e sentirem que cumpriram uma missão. É uma afronta à vida, como se ela não fosse capaz de arranjar problemas de sobra.
VAI-SE A VER e o resumo da vida talvez seja resolver problemas. Todos os dias há um nó para desatar, um telefonema, um email que incendeia o dia, alguém que nos diz uma coisa qualquer que desordena o sossego e que faz com que projectemos uma série de variáveis na cabeça; e quando damos por isso, chegamos à conclusão de que afinal temos mais problemas em mãos para além daquele que estamos a resolver. Um assunto da casa que tem de ser resolvido, o carro que está a precisar de trocar sabe-se lá o quê, problemas que herdamos de alguém, papéis que precisam de ser entregues em sítios que só por si são um problema, um exame que tem de ser feito porque há ali um sintoma que não era para haver. Pomos cabeça e mãos à obra para dar a volta ao assunto, esgotamos hipóteses, pensamos nas múltiplas – ou poucas – saídas, e no fim, se tudo correr bem, resolvemos. Os que sabem mais do que nós, acumulam até terem uma dose considerável de problemas e, aí sim, encetam a jornada preparados para que esse dia seja exclusivamente dedicado à nobre arte de resolver. Concentrar problemas num só dia não é criar um problema maior, é chamá-los à razão e explicar-lhes que a partir daqui somos nós a tomar conta do assunto; já bem basta que tenham tomado conta de nós sem aviso prévio.
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A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.