Parecia que o que se estava a passar era culpa de Lula, e o resultado é que, mesmo jurando a pés juntos que condenavam o assalto dos bolsonaristas, na prática o seu alvo principal era o Presidente eleito.
Existem muitos traços em comum entre a nova extrema-direita e a velha, mas se as metemos no mesmo saco, não percebemos que as diferenças são relevantes. Igualmente a nova extrema-direita pode ser combatida como a antiga, mas sem percebermos o que a faz nova perdemos eficácia nesse combate. Os casos muito semelhantes dos EUA e do Brasil, pesem embora as enormes diferenças entre quase tudo nos dois países – riqueza, pobreza, classes sociais, mobilidade social, economia, geografia, história –, mostram a ascensão de uma extrema-direita dentro do sistema partidário, o pulular de grupos extremistas, a duplicidade face ao jogo democrático, participação eleitoral mas negação da validade dos resultados sempre que lhes são desfavoráveis, desprezo pelas leis quando atingem os “nossos” (família Trump ou Bolsonaro) e actos persecutórios quando os alvos são os adversários (Lula, Hillary Clinton, Hunter Biden), utilização muito inteligente e profissional dos órgãos de comunicação para os de cima, mas também para os de baixo (o papel da rádio, por exemplo, é muito importante nos EUA e no Brasil), a corrida às armas como afirmação de autonomia e identidade, linguagem radical e violência, uso extensivo dos novos meios como as redes sociais, fabricação de notícias, a guerra cultural com censura e banimento, o anti-intelectualismo, ligação com grupos religiosos como os evangélicos, mas acima de tudo o investimento no populismo total a partir destes meios, formas e conteúdos. O sucesso da nova extrema-direita vem de ser “popular”, igualitária, demagógica nas urnas, voltada para o voto, mas hostil aos procedimentos da democracia. Lá como cá. Os “especialistas” que na televisão portuguesa...
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O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.
É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.