Sábado – Pense por si

Rui Hortelão
Rui Hortelão Director da SÁBADO
19 de fevereiro de 2015 às 08:00

O papel comercial do GES e outros papéis

“Dos bancos espera-se que façam coisas duvidosas, mas as agências de notação de crédito deviam ser aquelas em que confiávamos para nos orientarmos.” Neste caso, só precisamos substituir agências de notação por banco central

Quanto mais sabemos, maiores são as dúvidas sobre onde termina a má-fé dos que levaram o Banco Espírito Santo (BES) à ruína e a cumplicidade dos reguladores – Banco de Portugal e CMVM – que foram sendo enganados ou dando cobertura ao que ia sendo feito. Não há inocentes e a defesa que Carlos Costa fez na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo confirmou-o. "Se pudesse, tirava a idoneidade a Ricardo Salgado. Mas não tinha poderes", disse o governador do Banco de Portugal. No entanto, bastava que tivesse tido a coragem para o enfrentar, não quando o mal todo estava feito, mas antes, por exemplo, de milhares de investidores trocarem quase dois mil milhões de euros por papel comercial da ESI e da Rioforte. A taxa de juro era atractiva e o capital garantido tornava o investimento ainda mais aliciante. A documentação aprovada pela CMVM, apesar das contas estarem – sabe-se hoje – adulteradas, em nada contrariava o discurso entusiasmado com que toda a máquina do BES vendia o produto. Os que o compraram eram os únicos que não sabiam da armadilha em que estavam a entrar. O BdP tinha pelo menos uma ideia e prova disso é que, faz em Março um ano, obrigou a Espírito Santo Finantial Group a provisionar 700 milhões de euros, que garantiam a protecção dos que tinham comprado o papel comercial aos balcões do BES.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais