A única forma de combatermos os acontecimentos de Paris é conhecermos o inimigo. O primeiro problema é que, ao contrário do que se lê por aí, o ISIS é um estado (autoproclamado) e islâmico (até à sanguinária medula). O ISIS tem vindo a instaurar um regime territorial por largas faixas da Síria e do Iraque, com leis, tribunais, distribuição de alimentos e assistência médica. O ISIS é também a mais temível organização terrorista dos últimos 1.300 anos. Baghdadi, o seu líder, e apaniguados pensam e vivem como fanáticos do século VII, defendendo uma aplicação literal da sharia e dos preceitos do Profeta: para reinstaurar okhilafah(o novo califado) é necessário praticar a escravatura e a crucificação de homens, mulheres e crianças. Segundo o ISIS, não são apenas os ocidentais que incorrem em apostasia (afastamento da fé e prática religiosa). Todo o "Islão moderado" é susceptível de takfir, a excomunhão de um muçulmano por outro: imaginem um grupo armado que controla um território superior ao do Reino Unido e defende princípios sociais e morais mais estritos do que os do Antigo Testamento. O objectivo último de Baghdadi e dos seus jihadistas é nunca menos do que o Apocalipse, seguindo velhas crenças sunitas.

Takfir

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