Como vocês, também eu não sabia quem era a Marta. Nunca a conheci, embora fosse minha prima por afinidade. Morreu em Junho de 2012, aos 30 anos, da forma abominável que é morrer-se assim, no início, sem mais. A mãe, mulher bonita de serena inteligência, completou há dias um desejo desse período: publicar em livro um conjunto de textos do lindíssimo blogue da Marta, Heróis-a-dias. É uma prosa enamorada da poesia, de referências portuguesas (Mário de Carvalho, José Gomes Ferreira), cheia de saberes precoces – Nietzsche – e gostos incontornáveis – José Mário Branco – mas, sobretudo, comovente na paixão pelas personagens reais do dia-a-dia, absortas nos seus defeitos ou redimidas por gestos simples (piscares de olho, risos, um abraço), de amor pela vida que dá vontade de chorar.

Marta Amaro

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