Não há razão para que não se discuta se, em períodos de aperto financeiro, vale tudo para entrar “investimento” ficcional, como seja vender a entrada na Europa e a nacionalidade portuguesa aos que têm dinheiro para a comprar, e continuar a impedir que os “danados da terra” cheguem vivos a Lampedusa, ou às costas espanholas
É a técnica cada vez mais usada de negação de esclarecimentos políticos, insisto políticos, sobre casos que tenham uma componente criminal ou judicial. Este comportamento é cada vez mais generalizado e vai destruir a Comissão de Inquérito sobre o BES. Não há razão nenhuma para que, por exemplo, no caso dos vistos Gold, não haja muita coisa a discutir publicamente e esclarecimentos a prestar, sem tocar no segredo de justiça, nem interferir no processo judicial. Não há razão judicial nenhuma para eximir Portas, o autor e mentor da fórmula portuguesa dos vistos (que não é igual a outras), de explicar o laxismo quer na verificação da origem do dinheiro (que só vagamente existe no papel e não é feita), quer na utilidade nacional do "investimento" no imobiliário de luxo. Não há razão para que não se discuta a relação estrutural e não conjuntural (por isso não é preciso estar a discutir "este" caso) entre a fórmula governamental do visto Gold, a sua falta de controlo e a corrupção. Como o dinheiro chinês e russo que para cá vem já levanta o problema da corrupção a montante, – ou do branqueamento de capitais, ou da fuga ao fisco nacional, etc. –, a corrupção a jusante é inevitável.
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E se, apesar de, como se costuma dizer, nos ouvirem, monitorizarem movimentos, localização e comportamentos, esta aceleração forçada que nos faz andar depressa demais for, afinal, tão insustentável que acabe por (espero) ter efeito contrário?
O discurso do “combate à burocracia” pode ser perigoso se for entendido de forma acrítica, realista e inculta, ou seja, se dispensar os dados e evidências e assentar supostas verdades e credibilidades em mitos e estereótipos.
Campanhas dirigidas contra Mariana Mortágua mais não são do que inequívocos actos de misoginia e homofobia, e quem as difunde colabora com o que de mais cobarde, vil e ignóbil existe na sociedade portuguesa.