Não é possível continuar a ignorar este grito do povo angolano, que quer ser livre da pobreza, da desigualdade e da ditadura. Cinquenta anos após o 25 de Abril, os portugueses conheceram a liberdade, mas os angolanos ainda não.
A SUBIDA ABRUPTA do preço dos combustíveis motivou uma greve de três dias dos candongueiros (veículo popular de transporte de passageiros) e dos táxis e mototáxis que paralisou as ruas de Luanda na semana passada. A partir daí, vários protestos e tumultos irromperam em Angola, com relatos de pilhagens, vandalismo e extrema violência policial. Até ao momento em que escrevo, 29 pessoas foram mortas – incluindo mulheres e crianças – centenas ficaram feridas e mais de 1.200 foram detidas arbitrariamente em Luanda, Huambo, Benguela e Huíla. Hitler Samussuku, ativista e politólogo angolano, assinou recentemente um belíssimo texto de opinião no jornal Público com o título: “Quem convocou essa manifestação?” Nele, o autor recentra a explicação do que se tem passado nos últimos dias como um grito coletivo contra a pobreza e a fome crónicas do povo angolano, que ultrapassa qualquer ideologia ou fator económico circunstancial. Não é difícil concluir que tem razão: em 2024, Angola produziu 1,14 milhões de barris de petróleo por dia, gerando cerca de 31,4 mil milhões de dólares em exportações. Porém, há décadas que a riqueza é canalizada para enriquecer uma pequena elite que vive com grandes luxos à custa da miséria do povo.
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Ficaram por ali hora e meia a duas horas, comendo e bebendo, até os algemarem, encapuzarem e levarem de novo para as celas e a rotina dos interrogatórios e torturas.
Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.
Com a velocidade a que os acontecimentos se sucedem, a UE não pode continuar a adiar escolhas difíceis sobre o seu futuro. A hora dos pró-europeus é agora: ainda estão em maioria e 74% da população europeia acredita que a adesão dos seus países à UE os beneficiou.