Sábado – Pense por si

João Pedro George
João Pedro George
19 de dezembro de 2018 às 09:00

Prolixa desvergonha

Se até aqui apenas os bolseiros de doutoramento e de pós-doutoramento dos centros de investigação é que prestavam serviço docente não remunerado, agora é a própria direcção da FCSH que se prepara para alargar essa prática às disciplinas oferecidas pelos próprios departamentos

O trabalho gratuito continua a alastrar como uma mancha de óleo. Para terem uma ideia de como este tipo de exploração laboral se tornou endógeno e estrutural ao sistema, basta referir uns quantos exemplos, muitíssimo reveladores do que se passa: na produção do Estoril Open de 2018, a organização utilizou mais de 600 colaboradores eventuais que não receberam um cêntimo pelas funções desempenhadas (isto apesar de o Estoril Open contar com o apoio ou o patrocínio do Millennium BCP, Câmara Municipal de Cascais, Peugeot, Emirates, Rolex, Nespresso, PT Empresas, CTT, Turismo de Portugal, entre outros de uma longa lista de "parceiros de prestígio"); o Rock in Rio faz-se graças aos serviços de centenas de pessoas (cerca de 400) que trabalham gratuitamente, o mesmo acontecendo no IndieLisboa-Festival Internacional de Cinema, no Motel/X-Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, na ModaLisboa, na Web Summit, na Câmara Municipal de Lisboa (na programação cultural), em diversos museus estatais, nas redacções dos jornais e das revistas (onde abundam os estágios falsos ou não remunerados, e onde alguns cronistas, com o intuito de aparecerem e serem vistos, aceitam escrever de borla), em inúmeras companhias de teatro, etecetera, etecetera.

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