Percebe-se que o açúcar tenha estado na origem de revoluções demográficas, económicas e sociais. O açúcar foi um dos grandes responsáveis pelo surgimento do capitalismo e do colonialismo económico.
Sou viciado em açúcar. Assumo-o. Sou daquele tipo de pessoas que não conseguem viver sem consumir alimentos com C12H22O11. Pois há uma semana tomei a decisão, tão lúcida como utópica, de passar um dia inteiro sem ingerir nada que contivesse açúcar refinado. A experiência foi, é o menos que posso dizer, penosa: a ansiedade disparou, achei-me deprimido, agitado, desmotivado, sem energia própria e sem vontade de trabalhar, a fadiga apoderou-se das minhas pernas, apercebi-me de ligeiros tremores nas mãos e até os dentes rangeram um pouco, facilmente me irritava; para compensar a privação de açúcar, desatei a comer pão de fermentação lenta (o paraíso é um lugar onde se come pão de fermentação lenta acabado de fazer). De madrugada, entrei em guerra comigo próprio, transpirei, dei voltas na cama sem conseguir dormir, fui invadido por pensamentos sombrios e pessimistas quanto ao mundo em geral e quanto à minha atitude pessoal perante a existência. Vi com clareza o fracasso da minha vida. "Desisto. Eu desisto!", gritei. Fui aos tropeções até à cozinha e, ó alma perdida, engoli tudo o que tivesse carboidratos solúveis, incluindo um comprimido efervescente de vitamina C (que, como sabem, costuma levar sacarose) dissolvido em água. Os opiáceos naturais do meu cérebro, produzidos pelo açúcar, foram mais fortes que o meu desejo de purificação. Regressado ao quarto, tentei dormir, mas o sono não veio: a obscena nudez do meu corpo irradiava energia suficiente para manter um país inteiro acordado.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.