Os espelhos são aquilo que queiramos fazer deles - e podemos fazer tantas coisas, umas mais originais que outras. O actor australiano Errol Flynn, por exemplo, atribuiu-lhes um papel central a dada altura da sua vida, quando decidiu instalar tectos espelhados nos quartos da sua mansão americana. Todos possuíam uma particularidade: permitiam que quem estivesse na divisão superior (basicamente ele) pudesse assistir discreta e alegremente às façanhas, fracassos, enrolanços e amassos que frequentemente ocorriam durante as festas libidinosas que o actor promovia, e nas quais desportistas de sucesso, actores conhecidos e menos conhecidos, produtores poderosos e outros nem por isso, actrizes e aspirantes a actrizes, que habitualmente acabavam confortavelmente aconchegados pelas divisões da casa, saciando vorazmente a sede voyeurista de Flynn.

Rocha Andrade e o perigoso jogo de espelhos

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