Sábado – Pense por si

Eduardo Dâmaso

07 de outubro de 2023 às 10:00

O sol de que futuro?

A ignorância do jovem e a consequente fúria do realizador, Moretti a fazer de si próprio, são o simbolismo de um tempo perdido para a esquerda. Perdeu ideias, programa, ação. Tornou-se meramente possibilista. Transformou-se numa bolha de conversa com mera existência mediática, como acontece em Portugal, onde acabou em tragédia bíblica a frágil experiência de união que foi a geringonça.

Nanni Moretti regressa aos anos 50 no seu novo filme, O Sol do Futuro, para vasculhar nas arcas da crise de identidade da esquerda. Diz-nos, à sua maneira, algumas coisas que já sabíamos. Mas diz-nos ao seu jeito, na sua bela escrita e oralidade, na estética cinematográfica que se veio aproximando da beleza de Fellini e da radicalidade intelectual e política de Pasolini.

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