Fernando Alves é um pescador de estórias e de poesia, é um perscrutador da nossa história. Que maravilha a sua caminhada radiofónica, um esplendor de sons e palavras, de encontros e descobertas.
É no verão que mais consigo ouvir um jornalista que há muito sigo e aprecio. É no verão que a rádio repete as joias que o Fernando Alves vai lapidando ao longo do ano, que nem sempre se cruzam no meu caminho, demasiado apressado, entre estios. É no Verão que consigo parar um bocadinho para ouvir a respiração do Portugal que ele, sempre delicadamente, nos traz, na TSF. Esse País que não está na velocidade das autoestradas ou nos relatórios macroeconómicos. Que não encontro no atavio das leis e, tampouco, nas preocupações políticas, demasiado centradas na batalha do és-por-mim-ou-és-contra-mim. Que não fervilha em projetos milionários, demasiado impercetíveis na ótica do interesse público, folgazões na despesa e fugidios no escrutínio. Também não encontro esse País no jornalismo de cada dia. Pelo menos, com a regularidade que seria desejável. Mea culpa. Não ignoro a minha quota de responsabilidade. Mas, ainda assim, é o jornalismo que vai limpando as armas e disparando uns tiros nessa luta da memória contra o esquecimento e a indiferença. E Fernando Alves é um dos grandes expoentes dessa teimosia profissional, quase heroica, que insiste em peneirar qualquer rasto de humanidade nos confins da Guarda e de Bragança, nas estradas remendadas do Alentejo e do barrocal algarvio. Que não larga o interior à invernia da desertificação. Que não desiste das pessoas e das suas vidas, que nos fala do trabalho, tantas vezes do trabalho brutalmente penoso, das infâncias talhadas na lavoura e noutros labores do campo. Na disciplina e no ar rarefeito dos seminários, pontos cardeais nesse velho mundo das Beiras de Vergílio Ferreira e de outros escritores, único caminho para o famoso elevador social, de saída da pobreza e da miséria para gerações e gerações de portugueses.
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Através da observação da sua linguagem corporal poderá identificar o tipo de liderança parental, recorrendo ao modelo educativo criado porMaccobye Martin.
Ficaram por ali hora e meia a duas horas, comendo e bebendo, até os algemarem, encapuzarem e levarem de novo para as celas e a rotina dos interrogatórios e torturas.
Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.