Enquanto houver pão e circo, ninguém quer saber se os partidos estão por conta de interesses obscuros e se, por isso, a corrupção se torna endémica neste país. Isso é para os chatos de serviço.
Regressemos ao dinheiro dos partidos, depois da incursão de agosto. A Entidade das Contas e Financiamentos Políticos cumpre a sua penosa caminhada no pântano institucional. Pobre Entidade, nunca teve a vida fácil. Vítima da velha artimanha lampedusiana de mudar qualquer coisa para que fique tudo na mesma, a Entidade vive como sempre viveram os que, antes dela, tratavam das contas partidárias. Trabalha com um quadro legislativo confuso, instável, com alterações sistemáticas, sem recursos técnicos e humanos, em tensão sistemática entre o volume avassalador de processos e a sua prescrição, no meio da mais perfeita indiferença do sistema partidário, bem como de uma sociedade civil pouco exigente e incapaz de exercer direitos básicos de cidadania. Por isso, vai, muito racionalmente, optar por um caminho de possibilismo operacional e concentrar-se apenas nos processos dos atos eleitorais mais recentes, arquivando os casos de irregularidades detetados nas contas partidárias de 2014, depois de ter feito o mesmo em relação a 2013. O manto da impunidade volta a descer sobre o financiamento partidário, de onde nunca verdadeiramente saiu, mas, paradoxalmente, a Entidade toma uma decisão correta. Procura agir, um pouco que seja, no meio da escuridão.
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“Majestade, se for possível afogar os 6 ou 7 milhões de judeus no Mar Negro não levanto qualquer objecção. Mas se isso não é possível, temos de deixá-los viver”.
O descontentamento que se vive dentro da Polícia de Segurança Pública resulta de décadas de acumulação de fragilidades estruturais: salários de entrada pouco acima do mínimo nacional, suplementos que não refletem o risco real da função, instalações degradadas e falta de meios operacionais.