Até agora, as previsões falharam. Nem a Rússia conseguiu uma vitória rápida e definitiva, nem o apoio militar a Kiev e as sanções económicas a Moscovo quebraram a determinação do Kremlin. No atual impasse, vão continuar a morrer pessoas às portas da Europa numa guerra que só faz sentido em algumas cabeças do Kremlin.
Se existe algo que a guerra na Ucrânia nos mostrou é que a realidade é pródiga em surpresas e que as previsões desdenham, muitas vezes, fatores simples capazes de dar um novo rumo aos acontecimentos – como as emoções. Há um ano, após o início daquilo a que Vladimir Putin classificou de Operação Militar Especial para libertar o povo ucraniano, a convicção generalizada era que o poder militar russo esmagaria rapidamente uma Ucrânia liderada por um Presidente que se tinha notabilizado por ser comediante. Mas a verdade é que esse "cómico" mostrou-se intransigente na defesa do povo ucraniano e da instituição que representa e com a simples recusa de "apanhar boleia" para fora de Kiev galvanizou uma nação para enfrentar um invasor que gozava de uma teórica superioridade militar. Os discursos diários e emocionais de Volodymyr Zelensky não só incentivaram um povo alvo de ataques atrozes – e que estão a ser investigados como crimes de guerra – como conseguiram agregar a comunidade internacional para a defesa de uma causa, provocando uma série de mudanças no panorama internacional que poucos poderiam ter previsto.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.