A vitória do "socialismo científico"
O governo, finalmente, parece ter aprendido que uma pandemia não se combate nem com "fezadas", nem com "milagres". A ciência ocupou, finalmente, o seu lugar.
Infelizmente, foi preciso esperar quase um ano e uns milhares de mortes para o governo - e sobretudo António Costa - perceber que isto não vai lá com "milagres" e "fezadas", mas sim com ciência e planeamento rigoroso. O primeiro-ministro desta quinta-feira, dia 11 de março de 2011, foi muito diferente do primeiro-ministro do ano passado: menos exultante com os resultados alcançados com o confinamento, mas mais prudente e cauteloso, medindo os passos e as decisões.
É certo que por detrás da planificação esteve - goste-se ou não - a mão de Marcelo Rebelo de Sousa que, mais do católico, é hipocondríaco, por isso mais sensível aos argumentos dos especialistas. É que, se recuarmos a 2020, ao primeiro sinal de um queda dos números, Costa correu a abrir tudo e mais alguma coisa, desenfreadamente, como se recordam. Desafiando até os portugueses a frequentarem cafés e restaurantes. Isto enquanto o resto do mundo ainda não tinha uma resposta cabal para a Covid-19. Mas, para o primeiro-ministro, em Portugal tudo se resolvia com improviso. Aliás, se bem se recordam,o uso da máscara passou a ser obrigatório a partir do momento que uma vizinha lhe sugeriu isso mesmo.
Finalmente, temos um plano de desconfinamento: creches, escolas, comércio local, venda ao postigo e por aí em diante. Tudo faseado e calendarizado:
A 15 de março, vão abrir:
- Creches, pré-escolar e 1.º ciclo (e ATLs para as mesmas idades);
- Comércio ao postigo;
- Cabeleireiros, manicures e similares;
- Livrarias, comércio automóvel e mediação imobiliária;
- Bibliotecas e arquivos.
A 5 de abril, seguem-se:
- 2.º e 3.º ciclos (e ATLs para as mesmas idades);
- Equipamentos sociais na área da deficiência;
- Museus, monumentos, palácios, galerias de arte e similares;
- Lojas até 200 m2 com porta para a rua;
- Feiras e mercados não alimentares (por decisão municipal);
- Esplanadas (máx. 4 pessoas);
- Modalidades desportivas de baixo risco;
- Atividade física ao ar livre até 4 pessoas e ginásios sem aulas de grupo.
A 19 de abril, vai abrir:
- Ensino secundário;
- Ensino superior;
- Cinemas, teatros, auditórios, salas
- de espetáculos;
- Lojas de cidadão com atendimento presencial por marcação;
- Atividade física ao ar livre até 6 pessoas e ginásios sem aulas de grupo;
- Eventos exteriores com diminuição de lotação;
- Casamentos e batizados com 25% de lotação
- Todas as lojas e centros comerciais;
- Restaurantes, cafés e pastelarias (máx. 4 pessoas ou 6 em esplanadas) até às 22h ou 13h ao fim de semana e feriados;
- Modalidades desportivas de médio risco;
A 3 de maio, segue-se:
- Restaurantes, cafés e pastelarias (máx. 6 pessoas ou 10 em esplanadas) sem limite de horário;
- Todas as modalidades desportivas;
- Atividade física ao ar livre e ginásios
- Grandes eventos exteriores e eventos interiores com diminuição de lotação;
- Casamentos e batizados com 50% de lotação
O anúncio desta quinta-feira centrou António Costa no "socialismo científico", ouvindo e transpondo para a decisão política os dados dos especialistas: método, estudo e acção. Costa abandonou o que até aqui vigorou: o "socialismo utópico" de combate à pandemia, que, em resumo, defendia que meia dúzia de conceitos, como a ingestão de chá de limão com mel, chegavam para combater o vírus. Portugal pode, finalmente, ter entrado num bom caminho para o combate à Covid-19.
Mas, desconfinar progressivamente é apenas o início de uma guerra que está longe de terminar. Qualquer desvio obriga-nos a regressar à casa de partida, ao confinamento forçado, no fundo, ao isolamento social. Agora, sim, tudo depende de nós e não das medidas do governo.
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Edições do Dia
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