Sábado – Pense por si

Alberto Gonçalves
Alberto Gonçalves
12 de julho de 2016 às 08:00

Uma heroína do nosso tempo

Vou respeitar um minuto de silêncio para que o leitor controle o pranto e enxugue as lágrimas. Já está? Tentemos prosseguir. Na segunda -feira, a dona Isabel surgiu no noticiário da TVI a exigir a obrigação de as empresas organizarem “seminários sobre assédio laboral”

Elie Wiesel, que morreu há dias, sobreviveu ao Holocausto e tornou-se um dos seus mais conhecidos divulgadores. Podemos discutir seNoite, livro de 1958, é uma grande obra literária. É indiscutivelmente um testemunho brutal da vida, se disso se tratava, em Auschwitz e em Buchenwald. Só não é único porque, felizmente, muitas vítimas do nazismo escaparam para contar a sua infeliz história, criando um subgénero que pelo menos um crítico designou por "indústria do Holocausto". Para inúmeros anti-semitas eself-hating jews, lembrar o horror é um golpe para encher páginas e ganhar dinheiro. "Denunciar" o golpe, e com isso encher páginas e ganhar dinheiro, é que é um gesto nobre. Se a extrema desumanidade da "solução final" é para desvalorizar e esquecer, ignoro que tipo de acontecimentos traumáticos estes vigilantes julgam digno de preencher um volume de memórias. Talvez o terrívelbullyingentre crianças. Ou, valha-nos Deus, o crucifixo na sala de aula. Ou, cataclismo dos cataclismos, o assédio sexual no trabalho.

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