No domingo à noite, estranhei a enorme afluência aos restaurantes das redondezas. Explicaram-me tratar-se do Dia Internacional da Mulher. Faz sentido. Como quase tudo o que diz respeito aos direitos civis, a referida celebração nasceu nos EUA a pedir igualdade e ganhou ímpeto europeu pouco depois, com os protestos das senhoras russas contra a Grande Guerra, que por acaso envolveu definitivamente as mulheres ocidentais no mercado de trabalho (estes são os factos, mas quem os utilizar para exibir misoginia e insinuar que as senhoras nunca sabem o que querem pode esperar a veemente reprovação desta coluna). Logo, nada tão natural quanto as famílias de agora homenagearem as feministas do passado reservando a data para comer fora. Aliás, independentemente dos pretextos, que hoje são inúmeros, as homenagens em voga terminam sempre a pedir-se cafés e a conta.

Mesa farta

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