O desafio do século
O Benfica vende muito mas o dinheiro parece nunca chegar pois as necessidades de liquidez e as despesas são cada vez maiores.
- Amanhã vai abrir oficialmente a temporada 2024/2025 com a realização da Supertaça que junta o campeão em título, SCP, e o vencedor da Taça de Portugal, FCP.
Esta será a época mais longa e exaustiva da história do FCP fruto da participação do clube do Mundial de Clubes que se realizará no próximo ano nos EUA de 15 de Junho a 13 de Julho de 2025.
É notório que se vive um ambiente diferente para os lados do Dragão, respirando-se um ar mais fresco e leve, fruto de uma abordagem totalmente distinta na forma como o clube se passou a relacionar e comunicar com os adeptos, fazendo com que estes se sintam agora parte integrante e importante de um projecto comum, e como o novo treinador tem vindo a proceder à gestão do grupo de trabalho.
É, por isso, natural e compreensível toda esta onda de entusiasmo e esperança que se vive em torno do clube pois o sócio do FCP, para além do vínculo emocional e sentimento de pertença que sempre teve, sente agora que é o 1º jogador a entrar em campo ao lado da equipa.
Reflexo dessa nova onda é o aumento exponencial do número de novos sócios do FCP nas últimas semanas, pois agora todos querem ajudar a servir o clube e todos sabem que contam.
Não obstante esta comunhão perfeita e única entre clube, equipa e adeptos, o FCP enfrentará esta época o maior desafio deste século: ter sucesso desportivo ao mesmo tempo que promove uma brutal e imprescindível redução da despesa e massa salarial, não dispondo o clube, fruto da situação financeira caótica em que vive mergulhado, de quaisquer condições financeiras para reforçar e melhorar um plantel que no ano passado acabou a quase 20 pontos do 1º classificado da Liga e que este ano até perdeu, por razões distintas, duas referências no balneário em termos de liderança e qualidade (Pepe e Taremi).
Alguns adeptos ao ler estas linhas poderão sentir-se tentados a fazer a analogia com a situação vivida no ano de 2017/2018, ano em que o FCP treinado por Sérgio Conceição só fez uma contratação (de um 3º guarda redes) e acabou por alcançar o título de uma forma absolutamente notável e incontestável mas nesse ano, ainda assim, o FCP havia contado com o regresso dos emprestados Aboubakar, Marega e Ricardo Pereira, e tinha no plantel jogadores com créditos já firmados como era o caso de Casillas, Felipe, Alex Telles, Danilo Pereira, Oliver Torres, Herrera, Brahimi e Corona.
Não é bem a mesma coisa.
O FCP este ano terá, pois, de conseguir extrair muito mais rendimento dos jogadores que já tinha e procurar potenciar os meninos da casa que vão enchendo o relvado do Dragão com entusiasmo, talento e sorrisos.
As boas ideias de jogo e a força e o embalo dos adeptos serão o complemento fundamental para alcançar o que muitos dizem ser impossível.
Não será fácil, não será nada fácil até porque o FCP conta com dois rivais que irão apresentar-se bastante fortes, o SCP porque é o campeão em título e tem, para além de Ruben Amorim e excelentes jogadores, um colectivo forte com rotinas de jogo já bem assimiladas, e o SLB porque, para além de ter um plantel caro e vasto, parece ter-se reforçado bem em posições onde tinha um manifesto défice de qualidade, mas no FCP nunca nada foi dado, tudo foi conquistado e o impossível só é mais difícil de alcançar.
As circunstâncias são extraordinariamente difíceis e todos os adeptos do FCP estão conscientes do momento muito delicado que atravessa o clube mas o historial do FCP e as exigências dos adeptos reclamam e exigem conquistas pois no FCP o segundo lugar será sempre o primeiro dos últimos.
- A entrevista de Otávio, ex-jogador do FCP, ao Canal 11, mormente a forma como o mesmo descreveu a reacção de Sérgio Conceição à sua saída do FCP, confirmou aquilo que todos já suspeitavam, isto é, que Sérgio Conceição tinha muito peso, demasiado peso, na estrutura (amorfa) do FCP e nas decisões relativas às transferências de jogadores, acabando por ser mais do que um mero (e excelente) treinador de futebol.
Não surpreende, assim, as numerosas e sucessivas saídas de jogadores do FCP a custo zero que tanto debilitaram as já de si depauperadas contas do FCP.
- Nos últimos 5 anos o Benfica vendeu, entre outros, João Félix, Ruben Dias, Darwin Nunez, Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos, encaixando praticamente 470 Milhões de Euros com a transacção do passe destes jogadores.
Não obstante aquelas vendas milionárias, nestes últimos 5 anos o Benfica registou um prejuízo global nas suas contas de -6,5 Milhões de Euros, sendo que no último exercício, cujas contas só serão conhecidas no próximo mês de Setembro, o Benfica voltará a registar, muito previsivelmente, prejuízos na ordem dos dois dígitos.
É exactamente por isso que o Benfica vê-se hoje na contingência de ter de vender João Neves, jogador formado na casa e que os adeptos benfiquistas viam como porta estandarte dos valores e mística do Benfica, por 60 Milhões de Euros, metade do valor da cláusula de rescisão.
O Benfica vende muito mas o dinheiro parece nunca chegar pois as necessidades de liquidez e as despesas são cada vez maiores.
Onde é que já vi isto.
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