Um dos meus livros preferidos é de Julian Barnes. Chama-se A única história e começa assim: "Preferiam amar mais e sofrer mais; ou amar menos e sofrer menos?" Li-o algumas vezes e pensei sempre: mas quem raio será o choninhas, o pãozinho sem sal, que escolherá a segunda? Para quê a vida se não for para se chegar à vertigem? O que redime o caixão de alguém que nunca amou, nunca sofreu? Quem lá está até pode ter tido um AVC, que não é por isso que chegou a usar o coração. Longe de mim dizer que arder é melhor do que durar, mas parece-me sempre melhor abraçar o optimismo – mesmo que isso dê para o torto, que é eufemismo para catástrofe – e acreditar que é por ter ardido que conseguirá durar.