A cadeira do Presidente

Quando pensa nisso, Conceição Monteiro diz que tem muita dificuldade em imaginar como seria hoje Francisco Sá Carneiro se não tivesse morrido em Dezembro de 1980. O fundador do Partido Popular Democrático teria 83 anos. Os mesmos que ela tem – e muitas vezes a idade não é meiga. A confidente de Sá Carneiro revelou por exemplo à jornalista Sara Capelo que no ano passado tropeçou no tapete de casa – de tal maneira que foi proibida pelo médico de ter tapetes – e que ficou um mês inteiro a recuperar. Agora, quando vai à rua ampara-se em duas canadianas e se vai ao supermercado leva uma mochila, porque é a única maneira de carregar as compras – na mochila, às costas, enquanto caminha amparada pelas muletas.

Na entrevista de vida que publicamos descubra o que esta mulher pensa das principais figuras de um partido que conhece como ninguém. Incluindo o Presidente da República, com quem mantém uma extraordinária proximidade. Volta e meia, garante, Marcelo Rebelo de Sousa aparece-lhe em casa de improviso. Bate-lhe à janela do rés-do-chão em que mora, no bairro do Restelo, em Lisboa, e anuncia-se: "Oh, avó, estava ali em Belém a fazer tempo…" Depois ficam à conversa e Marcelo até tem um sítio fixo: "Olhe, aquela ali é a cadeira do senhor Presidente, como eu lhe chamo." Por acaso, era onde estava sentada a fotógrafa Raquel Wise. Durante a entrevista de duas horas e meia, a repórter da SÁBADO percebeu com facilidade como a janela da pequeníssima sala é concorrida: uma das suas 25 sobrinhas foi lá bater para lhe pedir ajuda com um recado.


O neto do padre-boi
João Azevedo combinou a entrevista com a SÁBADO para um restaurante em Condeixa-a-Nova, na quarta-feira dia 22 de Novembro. Tanto o local, um restaurante, como o nome, Conversa Fidalga, faziam sentido para uma entrevista que durou três horas sobre um avô paterno de quase 120 quilos e 2 metros de altura e que era um bom garfo. Mas há um outro pequeno -enorme pormenor: este avô era padre – celebrou a primeira missa em 1887 – e perfilhou 13 filhos, fora os ilegítimos. João Azevedo chegou ao almoço com um livro que comprova a sua história: Padre-Boi Não é Lenda, de Manuel Rodrigues dos Santos, editado em 1990 pela Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova.

No sábado enviou à jornalista Raquel Lito, por SMS, outra prova do orgulho pelos seus antepassados singulares – a imagem de um prato de cerâmica, pintado pelo próprio em 2004. O motivo do desenho do prato, exposto no orfeão de Condeixa, era o avô. Padre, pai, mecenas, amigo do Rei D. Carlos e que perpetuou o nome também pela descendência. Uma história que permite olhar de forma diferente para a polémica dos padres com filhos.


Veja o sumário da edição n.º709 do dia 29 de Novembro de 2017:

Entrevista
Johnny Rodrigues: Português fala das mudanças no Zimbabwe 
 
Destaque
Destinos: Aldeias e cidades portuguesas e passeios na Europa 

Portugal
Entrevista: A vida de Conceição Monteiro e o PSD 
Infarmed: A precipitação do Governo 
Futuro: Conversa entre Carlos Moedas e Hugo Carvalho 
 
Mundo
Brasil: Jair Bolsonaro, o candidato que assusta o país 

Dinheiro
Tecnologia: Como salvar os carrinhos de compras online 

Segurança
Benfica: Vieira soube antes dos depoimentos dos árbitros 

Sociedade
Igreja: A vida dos filhos de padres 
Perfil: O produtor do Estado Novo que acabou na miséria 
Tecnologia: Jogo para ajudar uma refugiada a chegar à Europa 

Família
Primeira Pessoa: Confissões de uma amante dos tempos modernos 

Social
Inglaterra: O lado desconhecido da noiva do príncipe Harry 

Desporto
Rui Águas: Goleador lembra os jogos FC Porto-Benfica 
Ester Alves: A portuguesa que domina os trails nas montanhas 

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