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Três soldados da ONU mortos em confrontos em Bangassou

26 de julho de 2017 às 15:30

Três soldados marroquinos da missão das Nações Unidas na República Centro-Africana morreram e quatro ficaram feridos

Três soldados marroquinos da missão das Nações Unidas na República Centro-Africana morreram e quatro ficaram feridos nos últimos dias em confrontos em Bangassou, relatou a ONU, que apela ao fim da violência na região.

O agravamento dos conflitos em Bangassou (700 quilómetros a leste de Bangui), desde sexta-feira passada, já levou "metade da população" local a fugir para a vizinha República Democrática do Congo, relatou o bispo católico desta cidade, Juan José Aguirre, citado pela Fundação AIS.

Bangassou, com cerca de 31 mil habitantes, tem sido palco, nos últimos meses, dos confrontos mais violentos entre a coligação rebelde Séléka, maioritariamente muçulmana, e a milícia anti-Balaka, na sua maioria cristãos, e que se arrastam desde 2013.

Esta terça-feira, dois elementos marroquinos da Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) foram mortos e um ficou ligeiramente ferido, numa emboscada "levada a cabo por presumíveis anti-Balaka", quando se abasteciam de água para fornecer a população, descreveu a força da ONU, num comunicado.

"Estou chocado por estas novas perdas de vidas humanas e condeno firmemente esta violação flagrante do direito à vida e do direito internacional", declarou o representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na República Centro-Africana, Parfait Onanga-Anyanga.

Já no domingo, um outro soldado marroquino foi morto numa emboscada pelo mesmo grupo, quando escoltava camiões-cisterna, num ataque em que três outros militares ficaram feridos.

No dia 21, membros do grupo anti-Balaka atacaram o edifício da catedral de Bangassou, onde estão refugiados, há mais de um mês, cerca de dois mil muçulmanos, ataque em que duas crianças ficaram feridas com gravidade.

Segundo o bispo católico, elementos dos anti-Balaka sequestraram uma jovem muçulmana grávida e, em resposta, "15 jovens extremistas sequestraram dois trabalhadores humanitários da Cáritas local, com as suas famílias", num total de cerca de 30 pessoas.

A própria catedral sofreu danos, depois de tentativas de incendiar o edifício.

"Os anti-Balaka pretendem causar estragos [em todo o lado], atingindo os muçulmanos, tentando matá-los e procurando impedi-los de se abastecerem de água, alimentos e lenha", disse Juan José Aguirre.

A força marroquina integrada na MINUSCA tem sido a responsável pela manutenção da segurança nas ruas de Bangassou e, em particular, da catedral.

"A MINUSCA exprime toda a solidariedade e apoio ao contingente marroquino destacado em Bangassou e felicita os seus soldados da paz pela sua coragem e pelos imensos sacrifícios que continuam a realizar perante as adversidades, pela protecção de todas as populações civis em Bangassou e noutras partes do país, qualquer que seja a sua identidade", refere a força, num comunicado.

A missão "apela a todas as pessoas de boa vontade para que se envolvam nos esforços de paz que empreende com o Governo e todas as partes interessadas, a fim de acabar com as violências intercomunitárias, com motivações confessionais" que se registam no país.

As Nações Unidas sublinham também que "a rejeição e/ou exclusão de qualquer parte da população centro-africana, por motivos religiosos ou étnicos, é contrária à Constituição da República e representa uma violação grave do direito internacional".

Portugal participa na missão da ONU na República Centro-Africana com 160 militares, dos quais a maioria são comandos, e tem ainda 11 outros elementos na missão da União Europeia neste país africano.

No total, estão cerca de 12 mil militares no terreno no âmbito da MINUSCA.

A República Centro-Africana (RCA), um dos países mais pobres do mundo, mas com muitos recursos, vive um conflito desde que, em 2013, o então Presidente, François Bozizé, foi deposto pelos rebeldes do grupo extremista Seleka, que se confrontaram com as milícias anti-Balaka.

A instabilidade já causou milhares de mortos, apesar de não haver números fiáveis, e obrigou cerca de um milhão de pessoas a abandonarem os seus lares.

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