Sonya Massey foi morta em sua casa pelo polícia a quem pediu ajuda
Novo caso de morte de mulher afroamericana às mãos da polícia choca os EUA. Vídeo mostra polícia a atirar apesar de Sonya Massey não ter proferido ameaças.
O caso da morte de Sonya Massey, alvejada dentro da sua casa por um agente da polícia, voltou a chocar os Estados Unidos. A mulher afroamericana morreu a 6 de julho, mas só no dia 22 foi divulgado o vídeo da bodycam dos agentes que foram à sua casa após uma denúncia de um possível intruso.
A polícia estadual divulgou esta segunda-feira no YouTube o vídeo captado na madrugada de 6 de julho. As imagens mostram o agente da polícia Sean Grayson disparar três vezes contra a mulher que segurava uma panela com água a ferver. Entretanto, o agente foi indiciado por três crimes de homicídio, um crime de agressão e outro de má conduta.
Cerca das 0h50 de dia 6 de julho, Sonya Massey, de 36 anos, chamou as autoridades por suspeitar de um intruso a rondar o exterior da sua casa na cidade de Springfield no estado de Illinois. O vídeo mostra Massey na cozinha a retirar uma panela de água a ferver do fogão a pedido dos agentes. Enquanto ela fazia isso, o outro agente, que não foi identificado, saiu da cozinha para a sala de estar para se afastar da água a ferver.
Sonya Massey disse então: "Eu rejeito-vos em nome de Jesus", o que levou o agente Sean Grayson a apontar a sua arma contra ela e a ameaçar disparar.
Enquanto Grayson instruía Massey a largar a panela, a mulher disse "sinto muito" e começou a baixar-se. Grayson ordenou novamente que largasse a panela. O segundo polícia também segurou a sua arma. Massey não fez qualquer ameaça verbal aparente nem qualquer movimento na direção dos polícias.
Grayson deu dois passos em direção à cozinha, gritou novamente para ela largar a panela e começou a disparar. Depois, alertou os seus superiores que tinha disparado contra Sonya Massey e ligou a sua bodycam. O incidente foi captado pela câmara do segundo polícia. O segundo polícia começou a prestar socorro a Massey dois minutos e seis segundos depois de ela ter sido baleada.
"É chocante. Quero dizer, cada parte do vídeo", disse Ben Crump, advogado de direitos civis que representa a família de Massey, numa conferência de imprensa. Crump referiu que apesar de Massey ter parecido sofrer de problemas de saúde mental, o polícia não tinha justificação para usar força letal.
O vídeo mostra que ela não era agressiva nem ameaçadora para os polícias. "Imaginem como seria a narrativa se não houvesse um vídeo." afirmou Crump.
Sam Grayson manter-se-á detido até à sua próxima audiência em tribunal, a 26 de agosto.
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou esta segunda-feira num comunicado divulgado pela Casa Branca que a família da mulher de 36 anos que foi mortalmente alvejada pela polícia "merece justiça". "Sonya Massey, uma querida mãe, amiga, filha e jovem mulher negra, deveria estar viva hoje. Sonya chamou a polícia porque estava preocupada com um potencial intruso. Quando pedimos ajuda, todos nós, americanos, independentemente de quem somos ou de onde vivemos, devemos poder fazê-lo sem temer pelas nossas vidas", afirmou Biden.
Biden elogiou o gabinete do procurador-geral de Springfield pelas rápidas ações e apelou a que o Congresso aprove "já a lei George Floyd" que pretende responsabilizar a polícia por má-conduta. Em 2020, os congressistas democratas apresentaram um projeto de lei inspirado pela morte de George Floyd, também às mãos da polícia, em maio de 2020.
Edições do Dia
Boas leituras!