Secções
Entrar

Rússia recusa libertar norte-americano acusado de espionagem

22 de janeiro de 2019 às 14:38

Paul Whelan, detido no final de dezembro em Moscovo, permanecerá na prisão depois de um tribunal de Moscovo ter rejeitado o seu pedido de libertação.

O norte-americano Paul Whelan, detido no final de dezembro em Moscovo e acusado de espionagem, permanecerá na prisão depois de um tribunal de Moscovo ter rejeitado o seu pedido de libertação.

"O recurso da defesa (pela sua libertação) foi rejeitado", declarou o juiz do tribunal de Lefortovo, Dmitry Proniakine, na presença do ex-fuzileiro naval de 48 anos, na sua primeira aparição pública desde que foi detido.

Paul Whelan ouviu a decisão com a ajuda de um tradutor. O acusado estava numa espécie de ‘caixa’ de vidro, como é costume na Rússia para os julgamentos de suspeitos mantidos em detenção.

O advogado de Paul Whelan, Vladimir Jerenbekov, já havia expressado pouca esperança na aceitação do recurso pelo tribunal.

"Na Rússia, a regra é deixar que as pessoas fiquem presas", disse o advogado fora do tribunal.

Paul Whelan foi detido a 28 de dezembro de 2018. Os serviços de informação russos (FSB) alegam tê-lo detido "enquanto estava a cometer um ato de espionagem".

O britânico-americano nega todas as acusações que lhe foram feitas e poderá enfrentar uma sentença de até vinte anos de prisão.

Alguns especialistas acreditam que a sua detenção está ligada ao caso da russa Maria Butina, presa em julho de 2018 em Washington, sendo Whelan uma espécie de moeda de troca. Butina declarou-se culpada de espionagem para Moscovo.

A porta-voz da embaixada dos Estados Unidos em Moscovo, Andrea Kalan, disse à imprensa russa que o caso é "seguido de perto" pelas autoridades norte-americanas.

Nós "continuamos a pedir à Rússia que siga as leis internacionais e realize um julgamento rápido, justo e transparente", acrescentou Andrea Kalan.

O embaixador dos Estados Unidos em Moscovo, Jon Huntsman, visitou Paul Whelan na prisão de Lefortovo, na capital russa.

De acordo com Jerebenkov, o julgamento de Paul Whelan provavelmente não ocorrerá antes de seis meses e nenhuma troca poderá ser organizada antes do final.

"Eu vi-o na semana passada (...), ele sente-se bem, tem um senso de dignidade", disse o advogado.

Paul Whelan, que tem as nacionalidades norte-americana, britânica e irlandesa, visitou a capital russa para o casamento de um amigo, segundo sua família. Nascido no Canadá, é diretor de segurança internacional do BorgWarner Group, fabricante norte-americano de autopeças.

Vários especialistas colocaram em dúvida o facto de Whelan ser um espião.

De acordo com o jornal New York Times, Paul Whelan foi submetido a um tribunal marcial em 2008 por roubo e fraude, crimes que impedem ou pelo menos dificultam o recrutamento para os serviços de informação.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela