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Polícia grega usa gás lacrimogéneo para travar migrantes na fronteira

07 de março de 2020 às 17:15

Pelo menos dois migrantes ficaram feridos no confronto com a polícia grega, depois de os agentes terem respondido com gás lacrimogéneo a uma tentativa de um grupo de jovens migrantes de derrubar uma cerca na fronteira entre a cidade turca de Edirne e a aldeia grega de Kastanies.

As autoridades gregas lançaram, este sábado,gás lacrimogéneocontra migrantes que tentavam derrubar uma cerca para atravessar a fronteira entre a Turquia e a Grécia, enquanto outros atiravam pedras à polícia, causando pelo menos dois feridos.

Segundo a agência de notíciasAssociated Press (AP), pelo menos dois migrantes ficaram feridos no confronto com a polícia grega, depois de os agentes terem respondido com gás lacrimogéneo a uma tentativa de um grupo de jovens migrantes de derrubar uma cerca na fronteira entre a cidade turca de Edirne e a aldeia grega de Kastanies.

Os jovens amarraram cordas na cerca, na tentativa de a derrubar, enquanto gritavam "abram a fronteira" e "Allah é grande".

De acordo com aAP, um funcionário do Governo grego disse que os canhões de gás lacrimogéneo e de água foram usados para "fins de dissuasão".

As autoridades gregas disseram que frustraram mais de 38 mil tentativas de travessia de fronteira na semana passada e prenderam 268 pessoas, apenas 4% delas sírias.

Já hoje, foram relatadas pelas autoridades gregas mais 27 prisões, a maioria imigrantes provenientes do Afeganistão e do Paquistão.

A Grécia descreveu a situação como uma ameaça à sua segurança nacional e suspendeu os pedidos de asilo por um mês, dizendo que deportaria os recém-chegados sem proceder ao seu registo.

Vários migrantes relataram que foram espancados por autoridades gregas quando enterram no país, e que foram forçados a regressar à Turquia.

As autoridades turcas dizem que um imigrante foi morto no início desta semana por balas disparadas pela polícia grega ou guardas fronteiriços, acusação que a Grécia negou.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ordenou hoje à guarda costeira que impeça a travessia do Mar Egeu por migrantes e refugiados, anunciou o serviço da guarda costeira turca na rede social Twitter.

"Por ordem do Presidente (...) nenhuma autorização será dada aos migrantes para atravessar o Mar Egeu por causa dos perigos que isso implica", pode ler-se na publicação feita pela guarda costeira da Turquia, citada hoje pela agênciaFrance-Presse.

OMar Egeuestende-se da Grécia até à Turquia e é umas das rotas de migração mais utilizadas.

De acordo com a publicação, a "abordagem de não intervir para impedir que os migrantes deixem a Turquia continua válida, exceto pelas vias marítimas, devido aos perigos" que a travessia representa.

A guarda costeira referiu também que salvou 97 migrantes em perigo na quinta-feira, e acusou as autoridades gregas de "esvaziarem três embarcações, deixando-as à deriva, meias afundadas".

Ancara e Atenas têm trocado acusações relativamente aos migrantes e refugiados.

Os turcos denunciam a brutalidade das autoridades da Grécia contra as pessoas que tentam chegar à Europa, e os gregos acusam a Turquia de pressionar e auxiliar o êxodo.

O Presidente turco vai estar na próxima semana em Bruxelas, anunciou o seu gabinete numa altura de tensão entre a Turquia e a União Europeia (UE) por causa dos migrantes e refugiados.

O comunicado divulgado hoje pelo gabinete de Erdogan refere apenas que o Presidente chegará a Bruxelas na próxima segunda-feira, não especificando onde estará durante a visita de dia e meio nem a natureza do trabalho que o leva à capital belga, onde se situa a sede da UE.

Nos últimos dias, a tensão entre Ancara e Bruxelas aumentou após a Turquia ter anunciado a abertura de fronteiras para deixar passar migrantes e refugiados para a UE, ameaçando falhar os compromissos assumidos com a Europa.

A UE e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no âmbito do qual Ancara se comprometia a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de ajuda financeira.

Erdogan lembrou que a Turquia abriga mais de 3,5 milhões de refugiados sírios e anunciou que iria deixar de ser a guardiã da Europa.

As declarações foram veementes criticadas pelos chefes da diplomacia da UE, que lamentaram o "uso político de migrantes" e pediram a Ancara que não quebrasse os compromissos no acolhimento de refugiados.

A Grécia é o país que mais sente a pressão migratória nas suas fronteiras externas com a Turquia, um problema que afeta a Bulgária e o Chipre.

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