Secções
Entrar

Greve dos transportes em França tornou-se a mais longa de sempre

02 de janeiro de 2020 às 15:25

Quase metade dos comboios de todo o país foram novamente cancelados e, na capital, apenas duas linhas de metropolitano estão a operar normalmente.

A greve contra a mudança do sistema de reformas emFrançachegou esta quinta-feira ao 29º dia, ultrapassando aquela que havia sido a mais longa da história da companhia francesa de caminhos de ferro, de 28 dias em 1986/87.

Quase metade dos comboios de todo o país foram hoje novamente cancelados e, na capital, apenas duas linhas de metropolitano estão a operar normalmente, estando as 13 restantes parcialmente abertas nas horas mais movimentadas.

Na greve realizada em dezembro de 1986, que também se estendeu durante as férias de Natal e até meados de janeiro de 1987, o protesto visava obter melhorias das condições de trabalho.

Anos depois, no inverno de 1995, uma greve contra a reforma das pensões defendida pelo primeiro-ministro Alain Juppé (padrinho político do atual chefe de Governo, Édouard Philippe) durou 22 dias, até o executivo recuar na proposta.

Após uma declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira, assegurando que mantinha uma vontade firme de continuar a reforma, o secretário-geral da CGT (Confederação Geral do Trabalho), Philippe Martinez, convocou na quarta-feira uma greve geral de todos os franceses e manifestações nacionais até que o projeto seja retirado.

"Pedimos a todos os franceses que se mobilizem e entrem em greve, porque o sinal de alarme deve tornar-se mais forte face a um Presidente que acredita que está tudo bem no país", apelou Martinez.

A CGT também apelou a um bloqueio das refinarias nos dias 7 e 10 de janeiro, um ato que seria "ilegal", segundo avisou hoje a secretária de Estado da Economia, Agnès Pannier-Runacher, em declarações à televisão.

Embora a retoma das negociações entre o Governo e sindicatos esteja prevista para 7 de janeiro, a confiança num acordo parece perdida e as associações sociais esperam que a mobilização de 9 de janeiro, apoiada por sindicatos e por ordens como a dos advogados, mostre que o movimento pode ganhar ainda mais força.

Ao longo deste mês, a CGT arrecadou mais de um milhão de euros para apoio a grevistas, graças a mais de 18.000 doadores, mas o valor continua a aumentar.

Hoje, na Gare de Lyon, representantes dos sindicatos entregaram um novo cheque de 50.000 euros aos motoristas que estavam a manifestar-se frente à estação.

A proposta de reforma do sistema de pensões tem sido contestada através de greves e manifestações desde o início de dezembro, apesar de já ter levado à demissão do ministro Jean-Paul Delevoye, mentor do projeto e apelidado de "senhor reformas".

A proposta já levou a greve geral, que fechou escolas, paralisou os transportes e deixou hospitais a meio gás, sendo que as paralisações têm sido particularmente frequentes e fortes no setor dos transportes.

Segundo a proposta, a idade prevista para reforma dos franceses deverá passar dos atuais 62 para os 64 anos a fim de equilibrar o sistema financeiro.

A proposta prevê também que os trabalhadores que se aposentarem antes dessa idade sofrerão uma redução nas suas pensões, enquanto os que saírem mais tarde da vida ativa terão um "bónus".

A proposta é considerada "inaceitável" pelos sindicatos, nomeadamente pelo CFDT, o maior sindicato francês, que, apesar de ser a favor da unificação dos atuais 42 sistemas de pensões, colocou a idade prevista para reforma como "uma linha vermelha".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela