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Europa. Quanto vale o apoio de Giorgia Meloni a von der Leyen?

Tiago Neto 18 de junho de 2024 às 17:14

À procura da reeleição como Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen tem-se aproximado da líder italiana. Com isso, pode estar a descurar um ataque à liberdade de imprensa em Itália.

À procura da reeleição que lhe garantirá um segundo mandato, Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia (CE) e principal candidata pelo Partido Popular Europeu (PPE), tem em mãos a tarefa de convencer os líderes da União Europeia (UE), incluindo Giorgia Meloni, a assegurar-lhe apoio.

Ursula Von der Leyen e Giorgia Meloni Reuters

Contudo, segundo avança o Politico, von der Leyen pode estar a travar a publicação de um relatório que visa criticar a Itália de Meloni por permitir e forçar a erosão da liberdade de imprensa em troca de apoio no dia da nomeação.

De acordo com quatro fontes citadas no artigo, todas funcionários da Comissão Europeia, o relatório é fruto de uma investigação da CE que destaca essa erosão aos direitos da imprensa em Itália desde que a primeira-ministra de extrema-direita assumiu o cargo, em 2022.

O relatório, que avalia a forma como os países da UE respeitam – ou não – o Estado de direito, tinha a publicação prevista para o próximo dia 3 de julho, data entretanto adiada, segundo duas das fontes, até que seja nomeado o próximo Presidente da Comissão Europeia.

No documento, destaca-se a interferência do governo [italiano] nos meios de comunicação social e contabilizam-se os processos judiciais contra jornalistas no país, que se tornaram mais comuns nos últimos dois anos, alertam as associações de imprensa.

Em maio deste ano, os jornalistas da emissora estatal italiana (RAI) entraram em greve para protestar contra uma tentativa de "transformar a RAI num porta-voz do governo", corroborando um episódio decorrido em 2023, em que a Comissão Europeia havia criticado a Itália no seu relatório sobre o Estado de direito, nomeadamente sobre a forma como a lei de difamação é cada vez mais utilizada para perseguir jornalistas.

Agora, "há uma vontade visível de travar as questões relacionadas com a Itália e o Estado de direito", referiu uma das fontes que, tal como três outras, justificou os esforços de reeleição de von der Leyen como a razão para o atraso na publicação do relatório.

Recorde-se que Ursula von der Leyenabriu a porta ao partido de Meloni, o Irmãos da Itália, e ao grupo parlamentar europeu ao qual este pertence, o Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), em maio deste ano, num evento em Maastricht, admitindo possíveis entendimentos, mediante "a composição do Parlamento e de quem está em qual grupo".

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